Os próximos meses devem marcar uma mudança no perfil das lideranças das maiores empresas do mundo. O ano de 2023 é o prazo estabelecido por muitas companhias como a data máxima para que aumentem significativamente o número de mulheres em cargos executivos e atinjam metas que, por muitos anos, não tinham prazo para bater.
Uma pesquisa feita pela consultoria de Recursos Humanos ManpowerGroup ouviu 39 mil pessoas em 40 países e concluiu que 47% das organizações estabeleceu 2022 como o ano-chave para trazer mais mulheres para o topo. E 35% têm meta até 2023 para mudar o equilíbrio entre os gêneros no topo da pirâmide.
No Brasil, 37% das empresas têm programas internos de desenvolvimento feminino, segundo o levantamento. Em uma delas, a Sodexo, da área de benefícios corporativos, que já tem 46% das posições de liderança ocupadas por mulheres, a meta de chegar a 50% até 2025 levou à criação do programa Acelera Mulheres. “Identificamos profissionais com alto potencial e que demonstram ambição para assumir novos cargos em um curto espaço de tempo”, diz Mônica Torquato, gerente de treinamento, desenvolvimento, recrutamento e seleção da Sodexo.
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Profissionais estão exaustas
Para manter os talentos femininos nas organizações, a base está em remuneração, condições de trabalho saudáveis e seguras e líderes e equipes em quem elas confiem. Além de valorizar performance mais do que presença e oferecer horários e dias flexíveis para que possam cuidar da família. O estudo indicou que, no mundo pós-pandemia, 39% das mulheres se dizem sobrecarregadas, contra 32% antes da pandemia.
Atrás apenas de ações para PCDs, a equidade de gênero é a segunda causa com maior proporção de políticas implementadas nas empresas do globo – 41,4% das companhias têm ações nesse sentido, segundo pesquisa da consultoria global Aon com 800 empresas no Brasil.
Entre as ações,
27,3% das companhias têm políticas de contratação específicas voltada para equidade de gênero;
27,4% têm políticas de apoio à carreira ou liderança de mulheres;
63,1% promovem ou participam de eventos relacionados ao tema;
46,4% se posicionam publicamente a respeito da causa;
53% têm programa de disseminação de conteúdo de temas;
60,2% promovem aplicação de treinamentos ou discussões abertas aos colaboradores sobre equidade de gênero;
45% promovem aplicação de treinamento aos líderes sobre como gerenciar o tema nas equipes.
Veja outras iniciativas de empresas locais para aumentar o percentual de lideranças femininas:
Avon
Mulheres negras levam 10 anos a mais do que as brancas para ocupar cargos de liderança, segundo a consultoria em RH e diversidade EmpregueAfro. Pensando nisso, a Avon desenvolveu a Minha Cor S.A., uma empresa fictícia criada para expandir a conexão entre recrutadores e profissionais autodeclarados negros no LinkedIn. A ideia é que as pessoas usem o selo da página em seus perfis e que seja criado um banco de talentos negros que facilite o recrutamento pelas empresas. O prazo de validade do certificado é até 2030, ano em que a Avon tem a meta de ter 30% de mulheres negras na liderança e 50% de profissionais negros em todo o quadro de colaboradores.
VTEX
Com o objetivo de aumentar o número de líderes pretos e mulheres, a multinacional de comércio digital VTEX, abriu um programa de liderança exclusivo para pessoas pretas, com 60% das vagas reservadas para colaboradoras. O programa é realizado em parceria com a consultoria de software ACCT Global, e tem 40 bolsas de estudo.
B3
A B3 vai promover a segunda edição de seu programa de mentoria para mulheres, com 50 vagas disponíveis, sendo 25 delas destinadas a mulheres negras. O objetivo é acelerar as carreiras de mulheres em cargos de analista sênior e coordenadoras, que participarão de trilhas de desenvolvimento de liderança. A seleção dos mentores será composta por 70% de mulheres e 30% de homens que ocupam cargos de liderança na B3.
GPA
Atingir 40% de mulheres em cargos de liderança – gerentes e acima – é um dos compromissos para 2025 do GPA. Atualmente, são 37% de mulheres nesses cargos. Seu programa de liderança feminina, direcionado a todas as mulheres da empresa e que já envolveu 700 funcionárias desde a sua primeira edição, em 2019.
Air Liquide
A empresa francesa que atua no segmento de gases industriais Air Liquide tem mais de 66 mil profissionais em 75 países. O objetivo é ampliar a presença feminina para até 35% dos cargos de engenharia até 2025, e criar oportunidades para que haja mais mulheres em áreas técnicas, operacionais e em posições de liderança. No Brasil, a meta global foi superada: 42,5% dos cargos de liderança e de engenharia são exercidos por mulheres.
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O post O ano das mulheres: 2023 pode mudar o perfil da liderança corporativa apareceu primeiro em Forbes Brasil.