Pesquisadores divulgaram uma proposta na quarta-feira (20) para capturar e armazenar dióxido de carbono em vagões de trem. Eles acreditam que essa seja uma solução mais barata e menos invasiva no uso da terra e da energia para as instalações de captura de carbono, que muitos cientistas esperam que ajude o mundo a reduzir as emissões de gases de efeito estufa – uma abordagem não ortodoxa para combater as alterações climáticas.
Os vagões de trem – detalhados em um artigo publicado pela revista Joule – são uma reviravolta incomum em pesquisas sobre tecnologias de “captura e armazenamento de carbono”, projetadas para prender o dióxido de carbono gerado pela queima de combustíveis fósseis antes de entrar na atmosfera e depois armazenar o gás, muitas vezes no subsolo.
Os vagões de trem teriam grandes aberturas voltadas para a frente que absorvem dióxido de carbono à medida que avançam e podem armazenar o gás de efeito estufa em um reservatório líquido antes de enviá-lo para locais de “sequestro”, onde o carbono é armazenado em formações geológicas subterrâneas ou rochas.
Os pesquisadores lançam os trens como uma solução para algumas das armadilhas das abordagens mais tradicionais de captura de carbono, que geralmente envolvem ventiladores com uso intenso de energia e exigem quantidades substanciais de terra e licenças, criando um “enorme problema” porque “a maioria das pessoas quer consertar o crise climática, mas ninguém quer fazer isso em seu quintal”, disse o coautor do estudo Geoffrey Ozin, químico da Universidade de Toronto, em comunicado.
Em vez disso, trens não exigiriam nenhuma licença e seriam “transitórios e geralmente invisíveis ao público”, disse Ozin.
O preço para capturar dióxido de carbono por meio dos vagões – US$ 50 por tonelada, de acordo com as estimativas dos pesquisadores – também é significativamente mais barato do que outros sistemas de captura, que às vezes podem custar até US$ 600 por tonelada.
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A quantidade de dióxido de carbono que o trem médio pode remover da atmosfera por ano é de até 6 mil toneladas, segundo pesquisadores, o que representa uma pequena fração dos 5,2 bilhões de toneladas métricas de dióxido de carbono que os EUA sozinhos emitiram em 2020.
A proposta ocorre no momento em que as temperaturas no Reino Unido atingiram um recorde na terça-feira (19). Parte de uma onda de calor mais ampla que afeta a Europa que, segundo especialistas, é resultado de mudanças climáticas causadas pelo homem.
A administração do presidente norte-americano Joe Biden se dedicou, junto a grandes empresas, a financiar a exploração e captura de carbono – uma tecnologia experimental que foi testada em projetos de pequena escala.
Seu governo destinou US$ 12 bilhões para projetos de captura de carbono por meio de uma lei de infraestrutura aprovada em novembro do ano passado, e realizou um esforço extra para que esses projetos também fossem incluídos na paralisada Lei Build Back Better.
Atualmente, existem 21 instalações de captura, utilização e armazenamento de carbono em todo o mundo, com dezenas de outras em processo de desenvolvimento.
Esta pesquisa ocorre em meio à crescente urgência sobre os riscos das mudanças climáticas: em um relatório publicado em abril, as Nações Unidas disseram que as emissões de carbono de 2010 a 2019 foram as mais altas da história da humanidade e alertaram que os humanos devem agir “agora ou nunca” para reduzir emissões para combater o aquecimento global.
Entretanto, alguns pesquisadores e ativistas climáticos alertaram que o método pode ser caro e ineficiente, podendo aumentar a poluição do ar e desviar a atenção de objetivos maiores para a transição para fontes de energia renováveis.
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