É cada vez mais provável que a economia global esteja caminhando para uma séria desaceleração, conforme a inflação mais alta em uma geração leva os bancos centrais a reverter agressivamente a política monetária ultrafrouxa adotada durante a pandemia para apoiar o crescimento, mostraram dados hoje (22).
A atividade empresarial nos Estados Unidos, a maior economia do mundo, contraiu pela primeira vez em quase dois anos neste mês. A atividade na zona do euro declinou pela primeira vez em mais de um ano, e o crescimento no Reino Unido atingiu uma mínima em 11 meses, mostraram pesquisas de gerentes de compras nesta sexta-feira.
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E mais dominós devem cair, com a expectativa de o governo do Japão cortar drasticamente a previsão para o crescimento doméstico.
Enquanto isso, os rígidos bloqueios contra a Covid-19 na China e a invasão da Ucrânia pela Rússia prejudicaram ainda mais cadeias de suprimentos globais que ainda não haviam se recuperado da pandemia.
Nos EUA, a queda do PMI foi a quarta consecutiva, ditada pela fraqueza no setor de serviços, que contraiu o suficiente para compensar o crescimento moderado da indústria.
Com uma leitura abaixo de 50, indicando que a atividade de negócios retraiu, o relatório alimentará o debate sobre se a economia dos EUA está de volta –ou perto– de uma recessão depois de se recuperar acentuadamente da desaceleração no início de 2020, no começo da pandemia.
“Os dados preliminares do PMI para julho apontam uma deterioração preocupante na economia”, disse o economista-chefe de negócios da S&P, Chris Williamson, em comunicado. “Excluindo os meses de bloqueio pandêmico, a produção está caindo a uma taxa não vista desde 2009, em meio à crise financeira global.”
Na zona do euro, a atividade empresarial contraiu inesperadamente neste mês devido a uma desaceleração expressiva na manufatura e a uma quase estagnação do crescimento do setor de serviços, já que os custos crescentes levaram consumidores a reduzir gastos.
As empresas da zona do euro continuaram a relatar crescentes pressões inflacionárias e uma aceleração no aumento salarial, mesmo com a perspectiva geral de crescimento se tornando cada vez mais obscura, disse o Banco Central Europeu (BCE) nesta sexta-feira, com base em uma pesquisa com 71 grandes empresas.
A inflação no bloco monetário bateu 8,6% no mês passado, mostraram dados oficiais, e na quinta-feira o BCE elevou as taxas de juros mais do que o esperado, confirmando que as preocupações com a inflação desenfreada agora superam os receios sobre crescimento.
O Federal Reserve, que luta contra a inflação mais elevada em 40 anos, deve entregar outro forte aumento de 75 pontos-base na taxa de juros em sua reunião na próxima semana.
A pesquisa Reuters mostrou probabilidade de 40% de uma recessão nos EUA no próximo ano e chance de 50% de acontecer dentro de dois anos, mudança significativa ante a pesquisa de junho.
China e Japão continuam sendo exceções ao manterem a política monetária frouxa, sinal de que suas economias –a segunda e terceira maiores do mundo– não têm força para compensar as fraquezas em outras partes do globo.
Desaceleração da China
Preocupações com uma desaceleração global estão lançando uma sombra sobre as perspectivas de recuperação da Ásia, com o crescimento da atividade fabril esfriando no Japão e na Austrália, mantendo a pressão sobre os formuladores de política monetária para que prossigam com apoio a suas economias enquanto apertam a política monetária para combater a inflação.
O crescimento econômico da China desacelerou acentuadamente no segundo trimestre, golpeado pelos bloqueios generalizados contra a Covid-19 e apontando uma pressão persistente nos próximos meses para o cenário global.
A desaceleração na segunda maior economia do mundo e as consequências do agressivo aperto monetário em curso por bancos centrais forçaram o Banco Asiático de Desenvolvimento a reduzir sua previsão de crescimento para a região na quinta-feira.
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