O que significa a aposta do Itaú em tokens e ativos digitais?

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Sergio Moraes/Reuters

O banco se propõe a sair na frente em um mercado que deve movimentar dezenas de bilhões de reais nos próximos anos

Em meio ao crescente interesse por ativos digitais e mesmo ante à crise das criptomoedas,  o Itaú Unibanco lançou, na quinta-feira, (14), a Itaú Digital Assets, uma nova unidade de negócios focada em negociação de tokens. O objetivo do banco é lançar, ainda em 2022, produtos relacionados para clientes de varejo. O movimento faz parte da estratégia de capitalizar a demanda por ativos digitais e sair na frente em um mercado que pode movimentar dezenas de bilhões de reais nos próximos anos.

A iniciativa vem em meio a previsões de que uma fração relevante dos ativos financeiros, como recebíveis e debêntures, serão vendidos via token, uma representação digital de produtos. A plataforma do Itaú fará a emissão, a distribuição e a custódia dos tokens. “Cerca de 10% dos ativos de mercado nos próximos anos serão via tokens”, disse a chefe da recém-criada Itaú Digital Assets, Vanessa Fernandes.

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Segundo Vanessa, com a simplificação e consequente redução dos custos das operações permitida por meio desse canal, os clientes poderão ter melhores taxas de serviço. A executiva explicou que a iniciativa responde à crescente demanda de clientes por ativos digitais e também tem relação com criptomoedas como bitcoin e ethereum.

Raphael Kling, da BrasilNFT, acredita que, os tokens puramente digitais lançados por instituições financeiras, ao mesmo tempo que representam uma oportunidade para o ecossistema de criptomoedas no convencimento da sustentabilidade do modelo de financiamento via ativos digitais, apontam para um desafio para instituições financeiras que historicamente controlavam a oferta de crédito.  “Por exemplo, na medida em que instituições não financeiras possam emitir suas próprias linhas de tokens representando produção agrícola, créditos de carbono ou venda antecipada de transporte futuro, o mercado de finanças deve se diversificar e trazer novas oportunidades para quem se mover primeiro”, explica.

De acordo com analistas, o movimento representa uma virada na postura do banco, que nos últimos anos tem sido bastante conservador em relação às moedas digitais, muitas vezes limitando operações com clientes que negociam com esses tipos de ativos. Segundo Vanessa, isso se deve em parte ao fato de hoje existirem melhores ferramentas para detectar e prevenir riscos, como os de lavagem de dinheiro. “Este é um movimento muito importante que, se feito da maneira correta, vai trazer muita adoção para o nosso ecossistema e, consequentemente, vai estimular o interesse de outros grandes players. Esse é claramente mais um passo em direção a ampliar e democratizar o acesso a ativos digitais, e mostra o desenvolvimento contínuo do nosso mercado”, explica João Borges, co-fundador da BAYZ.

Brianna Kernan, LATAM Sales Lead da Chainalysis, plataforma de dados e pesquisa especializada em blockchain e criptoativos, sinaliza a importância do movimento do Itaú. ““Isto é bem relevante. Esta é a primeira grande instituição financeira tradicional que vejo lançar um produto para ativos digitais – um sinal de confiança institucional em um setor que só vai se fortalecer nos próximos anos. O fato de serem um dos pioneiros deve colocá-los em uma posição estratégica para melhor capturar esse mercado em crescimento. Provavelmente veremos esse setor mais consolidado à medida que outros grandes players chegarem”.

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