Desmatamento na Amazônia bate recorde no primeiro semestre de 2022

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Adriano Machado/Reuters

Floresta Amazônica

O desmatamento na floresta amazônica brasileira atingiu um recorde nos primeiros seis meses do ano, quando uma área maior que três vezes o município do Rio de Janeiro foi destruída, mostraram dados preliminares do governo hoje (08).

De janeiro a junho, 3.988 quilômetros quadrados foram desmatados na região, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Isso representa um aumento de 10,6% em relação aos mesmos meses do ano passado e o nível mais alto para esse período desde que a agência começou a compilar sua atual série de dados Deter-B em meados de 2015.

A destruição cresceu 5,5% em junho, para 1.120 quilômetros quadrados, também um recorde para o mês.

A Amazônia, maior floresta tropical do mundo, contém grandes quantidades de carbono, que é liberado à medida que as árvores são destruídas, aquecendo a atmosfera e provocando mudanças climáticas.

O desmatamento está ocorrendo cada vez mais fundo na floresta. Nos primeiros seis meses do ano, o Estado do Amazonas, no coração da floresta tropical, registrou mais destruição do que qualquer outro Estado pela primeira vez.

O desmatamento crescente deste ano também está alimentando níveis excepcionalmente altos de focos de incêndio, que provavelmente piorarão nos próximos meses, disse Manoela Machado, pesquisadora de incêndios florestais e desmatamento da Universidade de Oxford.

O Brasil registrou o maior número de focos de incêndios na Amazônia no mês de junho em 15 anos, embora esses focos sejam uma pequena fração do que geralmente é visto quando atingem o pico em agosto e setembro, segundo dados do Inpe.

Normalmente, depois que a madeira é extraída, fazendeiros e grileiros queimam a terra para terminar de desmatá-la para a agricultura.

“Se tivermos altos números de desmatamento, é inevitável que também tenhamos altos números de incêndios”, afirmou a pesquisadora. “Esta é uma notícia extremamente ruim.”

Ativistas e especialistas no Brasil culpam o presidente Jair Bolsonaro (PL) por reverter as proteções ambientais e encorajar madeireiros, fazendeiros e especuladores de terras que desmatam terras públicas com fins lucrativos.

O Palácio do Planalto e o Ministério do Meio Ambiente não responderam a pedidos de comentários sobre os números ou políticas de desmatamento.

Ambientalistas estão apostando na vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de outubro para uma reviravolta na política ambiental do país.

Mas, mesmo que Bolsonaro perca, este ano provavelmente terá altos níveis de desmatamento e focos de incêndios, já que madeireiros e grileiros buscam capitalizar a fraca fiscalização antes de uma possível mudança no governo, dizem cientistas e ativistas.

À medida que o clima fica mais seco e mais quente na Amazônia, o desmatamento e as queimadas não dão sinais de diminuir.

“É bem dificil ser otimista para os próximos meses da Amazônia”, disse Rômulo Batista, ativista florestal do Greenpeace Brasil.

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