Novos governos de esquerda na América Latina devem reduzir volume de fusões e aquisições

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Painel da Bolsa de Valores

Executivos de bancos na América Latina esperam que a queda no volume de fusões e aquisições e emissões de ações se intensifique até o fim do ano, com a eleição presidencial no Brasil potencialmente adicionando mais um governo de esquerda na região, depois das eleições recentes na Colômbia e Chile.

A maior oferta de ações da região foi a captação de R$ 33,7 bilhões da Eletrobras, uma privatização que vinha sendo adiada há algum tempo. Entre os maiores negócios de fusões e aquisições este ano está a venda do campo de petróleo de Albacora Leste pela Petrobras para a PetroRio por US$ 2,2 bilhões.

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Se o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva realmente se eleger, como preveem as pesquisas de opinião, espera-se que seu governo reduza o programa de privatizações e de vendas de ativos por empresas estatais, afirma o fundador e presidente-executivo do banco de investimentos BR Partners, Ricardo Lacerda.

Durante os governos petistas, de 2003 a 2016, as privatizações foram substituídas por um volume menor de leilões para operação de ativos de infraestrutura, como aeroportos e estradas. Os chamados ‘campeões nacionais’, empresas que tinham acesso a crédito subsidiado, faziam grandes negócios de fusão e aquisição para constituir conglomerados internacionais. O maior exemplo é a JBS, que adquiriu empresas nos Estados Unidos, Europa e Austrália.

Mas Lacerda acredita que não há condições, hoje, para que uma política semelhante seja adotada.

O volume de fusões e aquisições caiu 36% no primeiro semestre na América Latina, para US$ 48,3 bilhões, com a volatilidade nas bolsas, alta das taxas de juros e da inflação atingindo o valor atribuído às empresas e encarecendo o financiamento das aquisições.

“O novo cenário levou os investidores a procurar empresas tradicionais em setores resilientes como saúde, imobiliário, energia e financeiro”, afirmou o chefe de fusões e aquisições do BTG Pactual, Bruno Amaral.

O maior negócio do ano foi a aquisição da SulAmérica pela Rede D’Or São Luiz por US$ 3 bilhões. A canadense Brookfield Asset Management comprou prédios da BR Properties por US$ 1,1 bilhão.

Com as empresas internacionais também enfrentando volatilidade em outros mercados, não se espera a entrada de novos investidores estrangeiros no país, afirma o sócio da empresa Olimpia Partners Irajá Guimarães.

O terceiro trimestre deve começar bastante ativo, com investidores tentando completar transações em andamento antes das férias do Hemisfério Norte em agosto. A atividade deve cair a partir de setembro e só retornar em novembro, depois do segundo turno das eleições presidenciais, afirma o chefe para a América Latina do Rothschild & Co, Luiz Muniz, empresa que lidera o ranking de M&A este ano.

Bolsa em baixa gera negócios

A queda das bolsas e dos valores atribuídos a startups também está gerando alguns novos negócios.

“Algumas empresas de tecnologia querem continuar financiando sua expansão e têm optado por venda ao invés de buscar recursos em rodadas de financiamento que ficaram mais difíceis”, afirma Diogo Aragão, que dirige a área de fusões e aquisições no Brasil no Bank of America.

Aragão cita a venda da empresa de análise de dados Neoway, por R$ 1,8 bilhão, para a B3.

Outra motivação é a forte queda das ações neste ano, que gerou negócios como a fusão entre as operadoras de shopping center brMalls e Aliansce Sonae.

A empresa de diagnósticos médicos Fleury acertou a compra do rival Hermes Pardini quando as ações de ambas registravam quedas superiores a 15% no ano.

O chefe da área de banco de investimento do Itaú BBA, Roderick Greenlees, acredita que mais transações desse tipo devem ser anunciadas. “Também vemos um movimento de fundos de private equity comprando participações em empresas listadas para aproveitar os preços deprimidos”, disse.

As ofertas de ações caíram 34% no Brasil, único país que teve esse tipo de transação este ano, e 51% na América Latina, para US$ 10,2 bilhões. Todo o volume foi captado em ofertas subsequentes de empresas já listadas, como a da empresa de energia Eneva e da petrolífera PetroReconcavo, sem ofertas públicas iniciais, conhecidas como IPOs.

O executivo do Itaú acredita que possam ocorrer um ou dois IPOs até o fim do ano.

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