Toda empresa será digital. A previsão feita pelo CEO da Microsoft, Satya Nadella, em 2016 está mais próxima a cada ano. Mas, se todas as indústrias de alguma forma serão digitais, qual será o futuro dos colaboradores? A digitalização obviamente é a direção das atuais e novas profissões que estão surgindo. Porém, a alfabetização digital não é tão fácil quanto parece e não acompanha a demanda do mercado por mão de obra especializada.
Dados divulgados pela Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom) mostram que até 2025 haverá cerca de 797 mil vagas na área de tecnologia. Entretanto, haverá um grande déficit nas empresas, uma vez que apenas 267 mil profissionais estarão aptos para ingressar no setor. Somo à essa equação outro fator, a atração de talentos para o mercado internacional, que obviamente parece mais promissor pelo câmbio atual e pela experiência cultural de morar e ter uma carreira em outro país. O que os líderes farão diante desse cenário?
Sempre gosto de ver o copo meio cheio, por isso acredito que essa transformação digital, apesar dos desafios, abre um mundo de oportunidades de aprendizado infinito e contínuo. Esse não é um fenômeno exatamente novo. Se voltarmos para a década de 90, ainda com uma conexão muito básica, a internet já proporcionava um bom acervo de informações que não teríamos sem estarmos conectados ao mundo online.
Com a hiperconectividade que temos agora podemos acessar aulas e cursos rápidos nas melhores universidades do mundo com professores e profissionais que são referências nas áreas que atuam, sem sair de casa. O conhecimento, seja por meio de livros, audiobooks ou vídeos, está mais acessível do que nunca esteve. A vida fica mais rica com o digital.
Como combinar esses desafios e as oportunidades, de modo que as iniciativas de criação, atração e retenção de talentos na tecnologia fomentem a alfabetização digital mais acelerada e contínua? Primeiro que os próprios líderes devem ter essa mentalidade de entender que as regras mudam o tempo todo, é preciso ter menos resistências às mudanças. Somente o conhecimento nos oferece essa capacidade de ampliar o horizonte pouco a pouco.
Tomadores de decisões que entendem essa perspectiva podem transmitir isso aos colaboradores, estimulando-os a cocriarem um ambiente onde a curiosidade, a troca de experiências e o erro na testagem de novos caminhos sejam mais flexíveis. Afinal, estamos próximos de entrar na Web 3.0, que proporcionará uma nova onda de inovação e disrupção com a fusão entre o mundo offline e online.
Acredito que as empresas e líderes de tecnologia ainda podem ir além do seu público interno e desempenhar um papel importante na sociedade, com iniciativas de mentorias e cursos acessíveis sobre alfabetização digital e a inserção de jovens talentos nesse mercado. Investir na formação de novos profissionais é uma parte da equação.
A soma de todos esses fatores fomenta o crescimento e a competitividade não só da área de tecnologia, como também das demais indústrias que serão igualmente digitais, resultando na solução dessa complexa equação entre desafios e oportunidades que o digital nos proporciona.
Federico Grosso é general manager da Adobe para América Latina.
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