Entre perdas e ganhos ao longo do dia, o Ibovespa conseguiu fechar no positivo neste primeiro dia do mês, com alta de 0,42%, a 98.954 pontos. Depois de quatro semanas no negativo, a Bolsa brasileira voltou a ter um desempenho semanal positivo, ao avançar 0,3% no acumulado dos últimos cinco dias – embora em junho o recuo tenha sido de 11%.
Os investidores seguem cautelosos e evitam os riscos da renda variável em um momento de alta dos juros no Brasil e no mundo, além das preocupações crescentes com uma recessão nos Estados Unidos e em países da Europa.
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Nesta sexta, a inflação na zona do euro atingiu uma nova máxima histórica de 8,6% no acumulado de 12 meses finalizados em junho, superando o recorde anterior de 8,1% alcançado em maio. O dado reforça os argumentos a favor de um rápido aumento dos juros pelo BCE (Banco Central Europeu), já que o pico da alta dos preços pode estar a meses de distância.
No radar de indicadores, a atividade industrial dos EUA deu novos sinais da desaceleração da economia norte-americana. O PMI industrial caiu para 52,7 pontos em junho ante os 57,0 pontos registrados em maio. É o menor nível em dois anos, embora o resultado tenha superado as projeções dos especialistas, de 52,0 pontos.
Em Wall Street, o dia começou negativo sob o peso de temores de uma possível recessão, mas virou no meio da tarde com o mercado buscando alguma recuperação depois de sucessivas quedas e às vésperas de feriado. Segunda-feira (4), as bolsas de Nova York estarão fechadas para o Dia da Independência dos Estados Unidos.
O Dow Jones fechou em alta de 1,05%, o S&P 500 ganhou 1,06% e o Nasdaq avançou 0,90%.
Apesar da trégua no mercado de ações, a cautela se manteve nas negociações de câmbio. O dólar comercial registrou uma forte alta de 1,65%, o que levou a moeda a R$ 5,3212, o seu maior valor desde janeiro deste ano.
A MRV (MRVE3) foi destaque no pregão nacional após informar ao mercado que receberá um valor líquido de R$ 349,4 milhões com a venda de duas carteiras de créditos, os CRIs (certificados de recebíveis imobiliários) Pro Soluto I e Pro Soluto II.
Analistas do Bradesco BBI afirmaram que a notícia é positiva para a MRV porque ajuda a conter a alavancagem da empresa “em um momento de inflação galopante da construção no Brasil e queima de caixa significativa no ramp-up da operação nos Estados Unidos”.
O anúncio rendeu às ações da MRV a segunda posição entre as maiores altas do Ibovespa no dia, com ganhos de 6,02%, a R$ 8,28.
Antes dela somente a resseguradora IRB (IRBR3), que depois de sete sessões consecutivas de queda viu uma correção no preço de seus papéis. A alta foi de 6,40%, a R$ 2,16.
Já na lanterna da Bolsa brasileira ficaram as varejistas, que continuam a ser penalizadas pelo cenário de forte inflação e juros altos. Americanas (AMER3) perdeu 5,21%, Magalu (MGLU3) caiu 5,98% e Via (VIIA3) recuou 1,56%.
O risco fiscal, que desempenhou um papel menor nas negociações de hoje, ainda permanece no radar. O líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), afirmou nesta sexta que trabalha para que a PEC dos Auxílios (ex-PEC dos Combustíveis) seja votada pelos deputados antes do recesso, que começará em 17 de julho.
Ontem, a proposta recebeu o aval do Senado. A proposta de emenda à Constituição inclui medidas que elevam o valor do Auxílio-Brasil e do vale-gás, além de criar um vale-caminhoneiro e um vale-taxista. Ao todo, o impacto fiscal é de R$ 41,25 bilhões, e será viabilizado pela decretação de um “estado de emergência” para que as despesas sejam realizadas em ano eleitoral e fora do teto de gastos.
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