Irmã de Nara Leão, esposa de Samuel Wainer, mãe de Pinky Wainer. As relações da vida de Danuza Leão impressionam mas não são elas apenas que definem a vida escritora, jornalista, promoter e modelo que começou a carreira desfilando nas passarelas parisienses.
Suas relações, na verdade, foram resultado de sua desenvoltura nos diversos vários meios pelos quais circulou e de seus talentos múltiplos. Além do fato de ter nascido em uma família privilegiada, que estava na hora e no lugar certo (no caso, um certo apartamento na Avenida Atlântica de frente para o mar).
Danuza soube unir tudo isso em uma vida intensa. Ela morreu ontem (22), depois de ser internada para tratar problemas respiratórios, aos 88 anos. Aqui, um resumo da sua vida, seus talentos e das pessoas famosas que fizeram parte dessa trajetória:
Danuza começou a circular entre celebridades muito cedo. Muito jovem, viu a Bossa Nova nascer dentro do apartamento de seus pais, no Rio de Janeiro, onde nomes como Ronaldo Bôscoli, Carlos Lyra e mesmo Tom Jobim davam canjas em torno da irmã, Nara, que começava cedo na carreira de cantora.
Na mesma época, em uma temporada em Paris, pediu trabalho ao estilista Jacques Fath, para quem trabalhou “por uma ninharia”. E esse foi o começo de uma carreira bem-sucedida como modelo, já que ela tinha o porte e a beleza exótica em alta na época.
Logo em seguida, em 1953, casou-se com o lendário jornalista Samuel Wainer, fundador do jornal Última Hora, que teve entre seus articulistas Nelson Rodrigues e Paulo Francis e fechou as portas em 1971. Com ele, Danuza circulou entre nomes importantes da política e fez questão de aparecer em uma foto do lado do líder comunista Mao Tsé Tung durante uma visita à China. Com Samuel teve três filhos: a artista plástica Pinky Wainer, o jornalista Samuel Wainer Filho, morto em 1984, e o produtor Bruno Wainer.
Em 1967, atuou no filme “Terra em Transe”, de Glauber Rocha, um dos melhores do cinema nacional de todos os tempos.
Danuza foi também uma promoter de sucesso e reuniu famosos nas noites do Rio de Janeiro nas boates Hippopotamus e Regine’s, icones da onda disco.
A fama atingiu outro nível em 1992 quando, com quase 60 anos, lançou “Na Sala com Danuza”, tido como um livro de etiqueta mas, na verdade, uma reunião de crônicas sobre a vida em sociedade, suas viagens, histórias cariocas e relacionamentos. O texto, ácido e bem-humorado, virou referência e o livro ficou meses na lista dos mais vendidos.
Em 2004 publicou “Na Sala Com Danuza 2”. Em 2005 lançou “Quase Tudo”, um livro de memórias que ganhou o Prêmio Jabuti; em 2008, “Danuza Leão Fazendo as Malas”, sobre viagens, também ganhador do Jabuti e, por fim, “É Tudo Tão Simples”, em 2011, em que fala da simplicidade com que tentou viver. Danuza era símbolo do easy chic: não gostava de ostentar marcas e inspirava-se no estilo low profile das parisienses para se vestir.
A jornalista resolveu sair de cena depois que opiniões emitidas em alguns de seus textos (ela foi colunista do Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo e O Globo) viraram polêmicas. Danuza se declarou contra o movimento MeToo e contra a PEC que garantiu direitos trabalhistas às empregadas domésticas. Com isso, se afastou e viveu os últimos anos discretamente.
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