Brasil está na lanterna de ranking internacional de competitividade

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Foto: Dennys R. C. Souza/ Getty Images

Brasil não é visto como um país competitivo em ranking global.

O Brasil não é visto como um país competitivo, conforme aponta a 34ª edição do Anuário de Competitividade do IMD, produzido e divulgado hoje (14) pela Fundação Dom Cabral. Após a avaliação de 63 economias do mundo em termos de competências e estruturas para um crescimento econômico sustentável no longo prazo, o Brasil ficou na 59º posição neste ano, duas colocações abaixo de 2021.

A pesquisa, que leva em consideração quatro pilares críticos para a competitividade de um país, mostrou que o cenário brasileiro é deficitário em todas elas: (i) desempenho da economia; (ii) eficiência do governo; (iii) eficiência dos negócios e (iv) infraestrutura.

Segundo o professor associado da Fundação Dom Cabral Carlos Arruda, que comandou o estudo no Brasil, uma pesquisa de competitividade visa medir a capacidade de crescimento de um país além dos indicadores estatísticos tradicionais como produto interno bruto (PIB).

A metodologia avalia o grau de eficiência dos quatro pilares críticos de competitividade esmiuçando subitens como qualidade de mão de obra, desenvolvimento tecnológico e eficiência logística, por exemplo, com a mistura de dados estatísticos e dados de opinião do setor empresarial.

Ao todo, 134 executivos brasileiros, de diferentes setores, regiões e de empresas de portes variados deram suas opiniões. Após a avaliação, o Brasil apresentou a seguinte classificação:

Desempenho econômico: 48 (avanço de três posições na comparação com 2021)
Eficiência do governo: 61 (avanço de uma posição)
Eficiência dos negócios: 52 (queda de três posições)
Infraestrutura: 53 (queda de um posição).

Embora em 2022 o país tenha caído duas posições, sua colocação é estável em relação aos últimos anos. Em 2018 esteve na posição 60; em 2019, na 59ª; em 2020 subiu para 56ª; mas em 2021 caiu para 57; voltando para a 59ª neste 2022.

“Eu vejo que não houve perdas, apenas voltamos para a nossa posição habitual. O Brasil, infelizmente, tem essa característica de não sustentar uma evolução. De tempos em tempos acompanhamos crescimentos mundiais, como quando houve o boom de desenvolvimento chinês, mas não há planejamento para manter o avanço”, diz Arruda.

Espaço para melhorar

Vários territórios da Ásia aparecem entre o top 10, como Singapura (3ª), Hong Kong (5ª) e Taiwan (7ª). O professor Arruda explica que essas nações se tornaram mais competitivas nos últimos anos, evoluindo de posições rapidamente — um caminho que o Brasil poderia seguir.

“Eles começaram suas mudanças por uma reforma no âmbito governamental, com mudanças administrativas, tributárias e de regulamentações. Claro que para uma cidade-estado como Singapura é mais simples do que para um país continental como o Brasil, mas a China (17ª) também começou por aí”, afirma.

Falta para o Brasil uma estratégia nacional de competitividade, na opinião do professor. Diferentemente de um plano que muda a cada governo, as mudanças para uma melhora da competitividade precisam ser mais estáveis e levam tempo para se concretizarem.

Depois das questões governamentais, os países mais competitivos do mundo têm em comum um desempenho alto e estável de produtividade, sistema de ensino consolidado e estrutura tecnológica focada em inovação.

Miguel Fonseca, pesquisador assistente da Fundação Dom Cabral, afirma que países com condições estruturantes (educação, treinamento de mão de obra, qualificação técnica) tão precárias quanto o Brasil não conseguem reter os talentos que produz, o que agrava a situação.

“Países mais competitivos têm melhores treinamentos e remuneração, por isso atraem os talentos excedentes de outros lugares”, diz Fonseca.

Outros países do ranking começam a despontar da mesma forma que os países asiáticos fizeram. São pequenas nações da Europa como Bélgica (ganhou 3 posições e ocupa a 21ª), Estônia (ganhou 4 posições, no 22º lugar) e República Tcheca (ganhou 8 posições, subiu para a 26ª).

Veja o ranking completo:  

WCY 2022

País
Variação anual
WCY 2022
País

Variação anual

1
Dinamarca
2
33
Tailândia
-5

2
Suíça
-1
34
Japão
-3

3
Singapura
2
35
Latvia
3

4
Suécia
-2
36
Espanha
3

5
Hong Kong
2
37
Índia
6

6
Holanda
-2
38
Eslovênia
2

7
Taiwan
1
39
Hungria
3

8
Finlândia
3
40
Chipre
-7

9
Noruega
-3
41
Itália

10
EUA

42
Portugal
-6

11
Irlanda
2
43
Cazaquistão
-8

12
UAE
-3
44
Indonésia
-7

13
Luxemburgo
-1
45
Chile
-1

14
Canadá

46
Croácia
13

15
Alemanha

47
Grécia
-1

16
Islândia
5
48
Filipinas
4

17
China
-1
49
República Eslovaca
1

18
Qatar
-1
50
Polônia
-3

19
Austrália
3
51
Romênia
-3

20
Áustria
-1
52
Turquia
-1

21
Bélgica
3
53
Bulgária

22
Estônia
4
54
Peru
4

23
Reino Unido
-5
55
México

24
Arábia Saudita
8
56
Jordânia
-7

25
Israel
2
57
Colômbia
-1

26
República Checa
8
58
Botswana
3

27
Coréia do Sul
-4
59
Brasil
-2

28
França
1
60
África do Sul
2

29
Lituânia
1
61
Mongólia
-1

30
Bahrain

62
Argentina
1

31
Nova Zelândia
-11
63
Venezuela
-*

32
Malásia
-7

* O número de economias analisadas passou de 64 em 2021 para 63 em 2022.

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