Recentemente, com o anúncio da chegada da Tencent, gigante chinesa de games e tecnologia ao Brasil, a indústria brasileira de games esteve, mais uma vez, em evidência global. Por aqui, não é só o potencial de desenvolvimento de tecnologia em nível global que atrai grandes empresas, mas, principalmente, a paixão dos brasileiros pelas centenas de franquias e o enorme engajamento que acaba por influenciar novas modalidades de negócios como licenciamento.
O Brasil é o maior mercado de games da América Latina com uma receita estimada de R$ 11 bilhões em 2021 e um crescimento de 6% previsto para 2022, segundo a consultoria Newzoo, além disso, o país é destaque no consumo, mas também na contratação de profissionais especializados para a indústria. A 9ª edição da Pesquisa Game Brasil (PGB), principal levantamento do setor, revelou um crescimento de 2,5 pontos percentuais em relação ao ano anterior com 74,5% da amostragem da população do Brasil afirmando jogar em 2022. Ou seja, os brasileiros se consideram cada vez mais gamers.
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O engajamento do público brasileiro com jogos eletrônicos aparece ainda mais forte quando se observa que, para 76,5% dos gamers, os jogos eletrônicos são a principal forma de entretenimento. Este número apresenta um aumento progressivo: registrou 57,1% em 2020 e 68% em 2021, totalizando um aumento de 8,5 pontos percentuais nesta 9ª edição. “Quando você tem esse nível de paixão e participação, cabe a nós – uma das principais empresas de jogos do mundo – nos dedicar aqui para apoiar nossos jogadores e proporcionar-lhes experiências memoráveis”, disse Fernando Mazza, escolhido para ser o country manager da Tencent no Brasil.
Recorde nas exportações
A presença do Brasil nesse ecossistema, no entanto, não se limita ao engajamento, ela também reflete nos negócios e também nas exportações. No ano passado, as exportações de jogos desenvolvidos aqui cresceram 600% representadas por um total de 140 empresas participantes do projeto Brazil Games. No total, a receita da indústria ultrapassou os R$ 10 bilhões (US$ 2 bilhões).
Rodrigo Terra, presidente da Abragames e cofundador da ARVORE Immersive Experiences, explica que a iniciativa visa capacitar empresas para exportar produtos de forma segura e inserir empresários brasileiros no cenário internacional de produção de jogos. “O mercado de games tem natureza 100% exportadora, seu formato digital tem potencial para que os serviços e produtos sejam facilmente distribuídos. Através de nossas ações e da qualidade da mão de obra brasileira, os produtos e serviços de games do Brasil estão presentes em 95% dos países de todo o mundo”, diz Terra.
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“Nosso país ocupa a décima terceira posição em termos de desenvolvimento do mercado de jogos. Ainda existe muita estrada a ser trilhada em termos de ecossistema. O Brasil é o maior produtor de jogos da América Latina. Representa não só a região, mas a potência em entrega de jogos, tanto para entretenimento como para outras indústrias. Vale lembrar, inclusive, que games não representam apenas entretenimento. Existem outras aplicações como educação, treinamento e até mesmo saúde que, inclusive, faz com que sejamos o quinto país em consumo de jogos do mundo”, diz Terra.
Ainda de acordo com o executivo, “apesar de todos esses contextos, a indústria é muito nova. Na década de 1980 ou 1990 não existia um incentivo para a formação de um ecossistema. Ele nasceu sozinho no Brasil, os empreendedores criavam os estúdios a despeito do momento da economia ou com fomento e apoio ou não, ou seja, ele cresceu de forma orgânica e se estruturou para seguir esse caminho. De fato, ter um unicórnio hoje ainda é muito pouco. Vale lembrar que esse unicórnio é único na América Latina também”, conclui Terra se referindo à brasileira Wildlife, primeiro estúdio de games da América Latina a passar a valer mais de US$ 1 bilhão.
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