Com o fechamento em baixa de hoje (10), o Ibovespa cravou uma semana inteira de perdas e acumulou recuo de 5,06%. Somente nesta sexta, a queda foi de 1,51%, com o índice chegando aos 105.480 pontos. A Bolsa brasileira acompanhou o clima de aversão a risco de Wall Street depois que o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) veio mais alto do que o esperado.
O indicador, que é o principal dado de inflação analisado pelo Federal Reserve (banco central americano), acelerou para 8,6% no acumulado de 12 meses, enquanto a mediana prevista pelos analistas apontava 8,3%.
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O núcleo do CPI — recorte que desconsidera produtos voláteis, como alimentos e energia — também registrou alta maior do que a esperada, de 0,6% frente ao 0,5% da mediana de especialistas.
Jansen Costa, sócio-fundador da Fatorial Investimentos, afirma que a inflação acima das expectativas fez com que o mercado começasse a trabalhar com a possibilidade de os juros americanos fecharem o ano acima dos 3%. “Chama a atenção para esse cenário o fato de os títulos de dez anos dos EUA subirem quase 5% na sessão de hoje”, diz Costa.
Os números reforçam a teoria de que o Fed será mais agressivo na política monetária para conter o avanço dos preços. O próximo encontro do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) está marcado para a próxima semana, nos dias 14 e 15 de junho. A expectativa é de uma alta de 0,5 pontos percentuais, o que levaria a taxa de juros ao intervalo entre 1,25% e 1,5%.
As bolsas em Wall Street reagiram mal aos números e o clima foi de deterioração das ações nesta última sessão da semana. O Dow Jones caiu 2,73%, a 31.392,36 pontos, o S&P 500 perdeu 2,91%, a 3.900,76 pontos, e o Nasdaq recuou 3,52%, a 11.340,02 pontos.
Cenário interno
O cenário de juros mais elevados nos EUA também reverbera no mercado de ações brasileiro, visto que o fluxo de recursos externos para as empresas daqui pode diminuir fortemente. Taxas altas na economia americana fazem com que a renda fixa da principal economia do mundo fique mais atrativa.
Essa perspectiva fez o dólar encostar na casa dos R$ 5,00 novamente. No final do pregão, a moeda devolveu parte dos seus ganhos e desacelerou a alta para 1,49%, a R$ 4,98. Na semana, o avanço é de 4,39%.
No radar corporativo, o destaque ficou para as ações da Eletrobras (ELET3 e ELET6), que concluiu a precificação da sua oferta subsequente em R$ 42,00 e movimentou R$ 29,3 bilhões com o follow-on. Os novos papéis passam a ser negociados a partir de segunda (13) na B3.
Após forte alta na quinta-feira, hoje foi dia de correção, com queda de 4,74% das ações ON, a R$ 41,00, e de 6,59% das ações PN, a R$ 39,70.
Na sessão de hoje, somente oito empresas fecharam no campo positivo. A ponta foi puxada por Qualicorp (QUAL3), com ganhos de 7,39%, seguida por CSN Mineração (CMIN3), que subiu 3,98%, e Raia Drogasil (RADL3), que registrou alta de 0,73%.
Já as maiores quedas do Ibovespa foram de Americanas (AMER3) e Banco Inter (BIDI11), com perdas de 10,63% e 6,87%, respectivamente.
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