Quem já se sentou à mesa com Gero Fasano sabe que seu humor é tão afiado quanto o serviço de seus restaurantes e hotéis. Parte das histórias do restaurateur está no novo livro Fasano dal 1902…. Nele ficamos sabendo, por exemplo, que o jovem Gero, recém-chegado a São Paulo após um período em Londres, conseguiu reaver a marca Fasano (vendida pelo avô a uma empresa de gás) pelo preço de um sorvete. Ou que ele odeia balancetes e pouco entende de fluxo de caixa, mas tem fortes convicções sobre o melhor jeito de servir um gin tônica (em copo longo) ou de comer trufas brancas (com carne crua).
Escrito com o jornalista Luciano Ribeiro, o livro vem em um momento em que os negócios de gastronomia dos Fasano no Brasil completam 120 anos. E também quando Gero, após se submeter a um transplante de fígado, comemora 40 anos na empreitada e o sucesso da abertura de um restaurante em Nova York. “Eu comecei com 20 anos, agora fiz 60, então acho que os meus 60 anos foram fundamentais nesse processo”, diz ele, sobre a decisão de lançar Fasano dal 1902…. “Quis contar um pouco dessa história.”
Leia mais: Fasano e JHSF investem no mercado imobiliário do Uruguai e dos EUA
Foi em 1902 que o milanês Vittorio, bisavô de Gero, abriu a Brasserie Paulista, no centro de São Paulo. Nos anos 1940, Ruggero, filho de Vittorio, montaria o primeiro restaurante batizado com o sobrenome da família – e serviria de Nat King Cole a Marlene Dietrich, de Fidel Castro a Dwight Eisenhower. O negócio fechou em 1968. E o pai de Gero, Fabrizio, não só não quis dar continuidade à trajetória gastronômica dos Fasano como desaconselhou o filho a segui-la.
Mas, é claro, foi exatamente o que Gero fez. Não apenas retomando os negócios dos antepassados, mas reforçando a origem italiana e os levando para além da capital paulista. Hoje o grupo Fasano (desde 2007 em sociedade com a JHSF) contabiliza nove hotéis e 27 restaurantes e bares em três países. E vem mais por aí, incluindo um empreendimento em Miami.
A seguir, confira trechos de um bate-papo com o empresário durante o lançamento do livro no Gero Panini Shops Jardins.
Por que resolveu fazer o livro?
Deu vontade de contar o que eu fiz desde 1982, quando reabri o Fasano, que tinha pertencido ao meu avô. De certa maneira, levei o grupo de volta para a Itália, porque meu avô não fazia comida italiana, fazia comida internacional, como se dizia na época – tinha estrogonofe, steak diana. Eu quis mostrar a minha interferência nessa história, para onde levei a marca, a hotelaria…
Se você, Gero de hoje, pudesse falar alguma coisa para o Gero daquele início, o que seria?
Falaria o que meu pai me falava: não siga esse ramo, que é roubada. É um inferno.
O que o faz prosseguir?
Sou addict, viciado. Gosto muito desse negócio. Sobretudo o lado de restaurateur. É mais contundente em mim do que o lado de hoteleiro. Porque o restaurante é dez vezes mais complicado.
O restaurante em Nova York foi mais complicado ainda?´
Óbvio que foi, mas o que aconteceu lá foi inacreditavelmente bacana. Só posso agradecer. As matérias que saíram (foi destaque no The New York Times e outros veículos)… Incrível, incrível. Herdei um restaurante (antigo Four Seasons) que já tinha uma infraestrutura grande, então consegui, gastando um décimo do que eles tinham gastado, deixá-lo do meu jeito.
Leia mais: Os bares favoritos de Renato Perito, gerente de bebidas do Fasano, em NY
O que vem agora?
Meu sócio comprou um prédio em Miami para fazer um hotel e um restaurante. Teoricamente são os próximos.
E nos próximos 20 anos ou mais?
Ir para Milão e ficar quietinho. Não fazer mais nada. Esse é o meu sonho.
Comendo e bebendo o que lá?
Depende do que o fígado permitir. Mas vinho. Só gosto de beber vinho. Nunca bebi outra coisa.
O post Fasano brinca sobre restaurantes: “Não siga esse ramo” apareceu primeiro em Forbes Brasil.