Estamos chegando ao fim do mês de maio e eu não poderia deixar de fazer um alerta às mulheres sobre o câncer de ovário.
Publiquei recentemente um vídeo sobre o tema em minha página no Instagram (@drfernandomaluf) e percebi que ainda há muitas dúvidas sobre este assunto. Por isso, gostaria de replicar as informações aqui também e pedir aos leitores que divulguem as orientações de cuidados às mães, esposas, companheiras, parentes, amigas.
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Existem alguns subtipos de câncer de ovário e o mais comum entre eles é o epitelial. Geralmente esta doença acomete mulheres acima dos 50 anos, sendo o mais perigoso entre os tumores ginecológicos. Diferente do câncer de mama e colo de útero, por exemplo, não há exames preventivos, que possam rastreá-lo. Por isso, de cada 10 pacientes com diagnóstico de câncer epitelial de ovário, em cerca de delas a doença não está mais localizada somente no ovário, já tendo se espalhado para outras partes do corpo, particularmente o peritônio, que é uma fina membrana que reveste todos os órgãos do abdome e da pelve.
Esse câncer tem como sintomas o aumento do volume abdominal, desconforto local, eventualmente uma alteração do hábito intestinal e urinário, náuseas, vômitos e, ocasionalmente, sangramento vaginal. Esses sinais devem levar a paciente a uma avaliação médica.
É importante ressaltar a orientação para que toda paciente com câncer de ovário faça uma avaliação genética. Entre 10% a 20% dos casos têm uma relação com síndromes genéticas, particularmente uma chamada BRCA1 e outra chamada BRCA2. Fatores de risco para essa doença são bem conhecidos. Além destas síndromes, a obesidade, o sedentarismo, as dietas inadequadas são fatores de risco relevantes não só para o tumor de ovário, mas também o câncer de endométrio.
O tratamento para o câncer de ovário avançou muito nos últimos anos. Temos novas técnicas cirúrgicas e o desenvolvimento de novos medicamentos. Além da quimioterapia, há novas drogas inteligentes, chamadas inibidores da PARP, que evitam que o tumor se reconstitua e volte a ter um DNA íntegro depois das estratégias cirúrgicas e quimioterápicas.
Esses medicamentos, usados no final do primeiro tratamento quimioterápico, conseguem reduzir o risco de progressão ou morte pela doença em até 70%, em alguns casos. Outras drogas inteligentes também estão em estudo ou já são utilizadas, como os inibidores da angiogênese, que bloqueiam a vascularização do tumor, impedindo que o oxigênio chegue à célula tumoral e o alimente. Há novidades promissoras, ainda, em drogas alvo-dirigidas e na imunoterapia.
Deixo, então, uma mensagem de otimismo. Os tratamentos melhoraram e continuam melhorando. Hoje conseguimos curar com maior frequência mulheres com câncer de ovário avançado. No entanto, nunca descuide da atenção aos sinais do seu corpo e da manutenção dos bons hábitos de saúde.
Fernando Maluf é cofundador do Instituto Vencer o Câncer e professor livre-docente da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo.
*Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião de Forbes Brasil e de seus editores.
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