Os dividendos distribuídos por companhias brasileiras cresceram 7,4% no primeiro trimestre de 2022 considerando o efeito cambial e pagamentos não recorrentes. Ao todo, as empresas desembolsaram US$ 5,2 bilhões, valor levemente inferior ao montante de US$ 5,3 bilhões distribuídos no mesmo período de 2021.
Os dados são da 34ª edição do Janus Henderson Global Dividend Index, levantamento que avalia o retorno obtido por acionistas de todo o mundo. Foram analisadas 1.200 companhias que atuam em dez setores, incluindo indústrias, financeiro e consumo.
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Segundo a pesquisa, os dividendos globais cresceram 16,1%, também considerando os efeitos cambiais e os pagamentos não recorrentes, para US$ 302,5 bilhões no primeiro trimestre. “Todas as regiões tiveram um crescimento de dois dígitos devido a um cenário econômico mais forte e à recuperação contínua das distribuições após os cortes de 2020 e início de 2021”, diz o relatório.
No caso brasileiro, a pesquisa aponta que o crescimento dos dividendos veio dos valores pagos por Vale (VALE3) e Ambev (ABEV3), de US$ 3,6 bilhões e US$ 1,2 bilhão, respectivamente. A mineradora foi favorecida pela forte alta na cotação do minério de ferro no período, enquanto a empresa de bebidas retomou o patamar pré-pandemia de distribuição de lucros.
Globalmente, os retornos de mineração aumentaram 29,7% no período de janeiro a março, na comparação anual e de acordo com valores nominais, para US$ 25,7 bilhões. No relatório, a Janus informa que as mineradoras ficaram em sétimo lugar no ranking de setores ao longo dos últimos cinco anos, mas no ano passado subiram para terceiro.
“Agora está claro que essas empresas continuarão sendo contribuintes significativos em 2022, potencialmente pagando mais de US$ 100 bilhões em dividendos pela primeira vez.”
No panorama geral, as expectativas também são positivas, mas em níveis contidos. Jane Shoemake, gerente de carteira de clientes da Janus Henderson, destaca que a economia mundial enfrenta uma série de desafios (tensões geopolíticas, altos preços de energia e commodities, inflação rápida e taxas de juros crescentes) que pressionam o crescimento econômico e prejudicam os lucros.
Esses desafios significam mais incertezas em relação à tomada de decisões corporativas sobre o pagamento aos acionistas. Embora o primeiro trimestre tenha apresentado bons números, Shoemake projeta que o total de dividendos pagos pelas companhias analisadas chegue a US$ 1,54 trilhão, um aumento de apenas 4,6% na comparação com 2021, quando os negócios ainda estavam fortemente afetados pela pandemia.
Vale e Ambev são destaque no Brasil
Maior pagadora de dividendos do Brasil, a Vale figura no ranking nacional e também no mundial. Neste primeiro trimestre, a mineradora ficou em 9º lugar na lista da Janus Henderson de maiores pagadoras de dividendos com uma distribuição de US$ 3,6 bilhões.
O valor é inferior aos US$ 4 bilhões distribuídos no mesmo período do ano passado, mas não representou uma queda suficiente para tirar a empresa do ranking, que conta com nomes como Microsoft (MSFT), Exxon (XOM) e Novartis (NVS).
Em 2021, a mineradora pagou um recorde de R$ 73,29 bilhões (cerca de US$ 15 bilhões) aos acionistas, segundo a Economatica, à frente da Petrobras (PETR4), que pagou R$ 72,7 bilhões.
O setor de óleo e gás também está entre os beneficiados pela alta das commodities. “O fluxo de caixa crescente entre as empresas de petróleo reflete o aumento do preço da energia. Os preços do petróleo e dos metais foram impulsionados para cima após a invasão russa na Ucrânia, o que sustentará o crescimento dos dividendos nesses setores no atual cenário”, indica o relatório.
A Ambev, por sua vez, retomou os níveis pré-pandemia de pagamentos de dividendos (US$ 1,2 bilhão), o que compensou a redução no valor do pagamento da Vale e manteve o Brasil bem colocado entre os mercados emergentes.
“O fato de que os dividendos já ultrapassaram os máximos pré-pandêmicos é parte de uma narrativa de longo prazo que destaca como esses pagamentos provaram ser uma fonte confiável de crescimento de renda a longo prazo”, afirma a gestora no relatório.
As maiores pagadoras de dividendos no mundo:
BHP;
Novartis ;
A.P. Moller;
Roche Holding;
Microsoft;
Siemens;
Exxon Mobil;
AT&T;
Vale;
Apple.
Dividendos pagos no 1º trimestre (por setor)
Matérias primas: US$ 30,7 bilhões
Consumo básico: US$ 24,6 bilhões
Consumo discricionário: US$ 10,1 bilhões
Financeiros: US$ 48 bilhões
Cuidados com a saúde e farmacêuticas: US$43,4 bilhões
Indústrias: US$ 29,7 bilhões
Petróleo, gás e energia: US$ 26,5 bilhões
Tecnologia: US$ 28 bilhões
Comunicação e mídia: US$ 12,6 bilhões
Serviços de utilidade pública: US$ 14,7 bilhões
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