A guerra entre Rússia e Ucrânia, o crescimento da inflação no mundo e o impacto das medidas de combate ao Covid-19 na China impactaram o mercado de IPOs (oferta pública inicial) no Brasil: nenhuma companhia brasileira abriu seu capital no primeiro trimestre deste ano, segundo um levantamento da EY.
“No Brasil, além dos fatores também presentes de inflação e juros elevados, temos influências decorrentes de cenário político com as eleições no segundo semestre”, explica Flavio Machado, sócio-líder de IPO e Assessoria em Contabilidade e Finanças da EY.
No ano passado, no entanto, a Bolsa brasileira bateu o recorde de IPOs: foram 46, ante 28 em 2020. As operações movimentaram R$ 65,6 bilhões. O setor de serviços foi o que obteve o melhor resultado no período, com oito transações que geraram R$ 6,8 bilhões.
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Entre as desistências deste ano estão o grupo de limpeza e segurança Verzani & Sandrini, a rede de restaurantes Madero, Bluefit, CSN Cimentos, Datora, VIX Logística, Dori Alimentos, Claranet, ISH Tech.
Planejando antes captar cerca de R$ 600 milhões, a rede de academias Bluefit cancelou a oferta após observar um cenário complicado para entrantes na Bolsa, efeito da alta de juros global. Já a CSN Cimentos comunicou que desistiu do IPO “por conta das condições adversas do mercado nacional e internacional”.
Empresas aguardam o momento certo
O movimento de IPOs pode ser retomado depois das eleições de 2022, segundo Machado. “Alguns acreditam que após eleições podemos ter essas condições de mercado, mas tudo vai depender da evolução também de melhoria de questões macroeconômicas”, alerta o especialista.
Machado afirma, no entanto, que a retomada não se estenderá a todos os setores. “Quando houver retomada, certamente haverá seletividade. Infraestrutura, energia, saneamento podem ser alguns dos setores que podem se destacar. Ainda se espera que [o setor de] tecnologia continue com alguma atratividade, mas de forma seletiva”, conclui.
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