Estou convencido de que a beleza pode ajudar as pessoas em situação de vulnerabilidade. Nada como melhorar a autoestima, recuperar a confiança e o bem-estar, bem como ajudá-las a encontrar seu lugar na sociedade.
E também convencido de acreditar que a individualidade e a singularidade podem andar de mãos dadas com um sentimento de pertencimento na sociedade e no local de trabalho.
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Existem diversas formas de beleza quanto pessoas na Terra. O desafio é fornecer uma gama de experiências e oportunidades que reconheçam as necessidades individuais em sua diversidade. Parece ambicioso, mas é crucial.
Passadas de geração em geração, influenciadas pelo território e clima, as rotinas de beleza também estão inerentemente ligadas à tradição. O que se aprende dessas observações inspira a diversidade de ingredientes usados no mundo, além de criar inovações transculturais baseadas na ciência e na compreensão de uma beleza inclusiva.
No Brasil, o setor de beleza movimenta aproximadamente R$ 100 bilhões por ano. Dados do G10 favelas revelam que na maior favela da cidade de São Paulo, Paraisópolis, há uma estimativa de 5.000 mulheres trabalhando com beleza. E, por outro lado, 20 mil necessitam de um trabalho/formação.
É nesse ambiente que nasceu o maior ecossistema de beleza do mundo. Iniciativa focada no apoio as mulheres de comunidade a realizarem seu sonho empreendedor e sua independência financeira através da Beleza! Devolvendo sua identidade, autoestima e a crença em um futuro melhor.
Em 2016, os empreendedores Mônica Jesus e Wallace Rodrigues Belezinha fundaram o Belezinha com a pretensão inicial de ser mais um dentre os 4000 salões de beleza instalados em Paraisópolis.
Com o passar dos anos e inconformados com o alto índice de desemprego e de alta vulnerabilidade de homens e mulheres da comunidade, o casal resolveu desenvolver um programa de treinamento e capacitação 50% mais rápido que as capacitações profissionais de mercado. Ali iniciavam-se as primeiras turmas de pessoas capacitadas a se tornarem profissionais de beleza.
Graças ao apoio do G10 favelas, em 2019, o projeto ganhou um espaço de 150 m2 no pavilhão de empreendedorismo do G10 tornando-se a maior escola de capacitação profissional em beleza e desenvolvimento humano dentro de uma favela.
Além da especialização técnica, a iniciativa estimula o desenvolvimento de habilidades interpessoais e oferece suporte na busca de estágios e empregos, bem como no desenvolvimento de projetos empreendedores.
De lá para cá, foram mais de 1.000 mulheres e homens capacitados e 40% direcionados aos principais salões de beleza do Brasil, como: Estúdio W, Loft, The Art Salon, Jaques Janine entre outros.
Hoje, o Belezinha conta com um especialista em Marketing de Experiência, com uma empreendedora serial, especialista em Inovação e construção de marcas e com um profissional referência em negócios de impacto social e ESG, co-fundador do hub CIVI-CO.
A operação atualmente está nas favelas Paraisópolis, Rocinha, Alemão e com expansão para Comunidade de Sol Nascente em Brasília e Nosso Moinho em Juiz de Fora. Não à toa, o Belezinha quer se tornar a maior startup social de beleza do Brasil focada em gerar transformação social através da capacitação do empreendedorismo e da geração de renda.
É importante destacar que os profissionais formados no Belezinha podem iniciar suas carreiras de formas diferentes: em escolas coworking que nos finais de semana funcionam como salão coworking, abrir uma franquia Belezinha, trabalhar em salões parceiros ou vender linhas de produtos de belezas através de lojas autônomas, e-commerce ou pela venda direta.
Estou convencido que o Belezinha acredita na beleza para uma vida melhor no Brasil.
Haroldo Rodrigues é sócio-fundador da investidora in3 New B Capital S.A. Foi professor titular e diretor de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Universidade de Fortaleza e presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Ceará.
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