Havia alguns anos que não acordávamos aos domingos com aquele frio na barriga e ansiedade. A sensação, que por muito vivemos com Senna, estava de volta naquele 8 de junho de 1997. Um ídolo improvável, com roupas coloridas, cabelo grande e despenteado, longe do perfil do brasileiro padrão (se é que existe esse perfil num país tão diverso como o nosso).
Naquele dia, Guga nos fazia sentir orgulho novamente de sermos brasileiros. Num esporte nada popular e com regras complicadas, um jogo com baixo alcance, além das elites e dos clubes particulares. Ele, um brasileiro, catarinense e manezinho da Ilha de classe média, venceu todas as estatísticas e emergiu. Um feito inesquecível e emblemático.
Os mais otimistas já conseguiam visualizar o futuro: Brasil, o país do tênis! Um “boom” de raquetes, bolinhas, crianças interessadas no esporte, perucas e roupas coloridas parecia nascer a partir daquele dia.
Infelizmente, a animação perdeu o fôlego e pouco disso aconteceu. Não investimos na formação de atletas, não criamos oportunidades.
Não dá para saber quantos Gugas teríamos dali para a frente. Quantos campeões no tênis teríamos se esse sonho tivesse se tornado realidade. Mas não há dúvidas de que vários campões da vida teriam nascido ali!
Mas como assim?
Bem, para quem não me conhece, sou um empreendedor nato e um competidor voraz. Me orgulho muito da minha trajetória nos mais diversos segmentos em que empreendi. E alguns momentos na vida me fazem ter certeza disso. Por exemplo, quando inaugurei um novo restaurante em Floripa há alguns anos, dividi a mesa com ele, meu ídolo da adolescência e sócio naquele empreendimento, Guga!
Nunca tive o talento do Guga para os esportes (nem precisava dizer isso, pois poucos no mundo tiveram). Mesmo assim, tirei muitas lições, algumas de maneira inconsciente, do tempo que jogava tênis, futebol, da época em que lutei caratê, e dos mais diversos esportes no qual me aventurei por minha infância e adolescência.
Lições da importância da disciplina, da resiliência e do amor por competir. Lições da humildade ao enfrentar qualquer adversário, dos teoricamente mais fracos aos considerados mais difíceis. Da importância da estratégia frente a toda nova situação. A importância do trabalho em equipe, até nos esportes individuais (que, aliás, tem seu treinador te orientando e uma equipe te ajudando). Não podemos nos esquecer da importância da ética, de seguir as regras do jogo, concordando ou não com elas. E por último, da importância de saber perder. E tirar as lições de cada derrota para ir buscar novas vitórias.
Tudo isso eu aprendi através dos esportes. E competições nos apresentam as características que precisamos ao empreender no mundo dos negócios. Profissionais e adultos que aprenderam desde cedo nos esportes a controlar todas essas emoções e que têm disciplina para resistir às adversidades e aplicar esses ensinamentos, sem dúvida, têm muito mais chance de sucesso ao longo da vida.
Por isso, 25 anos depois daquela vitória magnífica em Roland Garros, ao me deparar com o projeto do Rede Tênis Brasil (RTB), um filme passou na minha cabeça. Era a esperança de tentar fazer aquilo que poderíamos ter feito em 1997, mas que por falta de projetos como o RTB e por falta de apoiadores, não conseguimos. Aquele cenário não se desenhou à época, mas nunca é tarde para começar.
O RTB vem tentando reescrever essa história, para que não percamos mais tempo em espalhar a cultura do tênis e do esporte Brasil a fora. Independente da condição financeira ou geográfica, o projeto dá oportunidade para as crianças interessadas em aprender esse esporte maravilhoso.
Se conseguirmos espalhar projetos como o do RTB por todo o Brasil, sem dúvida, mais Gugas irão aparecer. Assim como grandes nomes como Luísa Stefani (medalhista olímpica, sonho de toda criança!), Bia Haddad, Marcelo Melo e Bruno Soares já apareceram. E se multiplicarmos as oportunidades, vamos multiplicar nossos atletas. Isso é importante para nós como sociedade e nos traz orgulho de sermos brasileiros.
Ainda mais importante que isso é o número de campeões da vida que irão aparecer. Adultos mais preparados para as dificuldades que a vida profissional e pessoal trazem! São esses futuros adultos que escreverão a nossa história. É por meio do esporte que eles poderão estar mais preparados, contribuindo para o futuro de todos nós!
Não podemos deixar que se passem mais 25 anos sem que projetos sérios como esse sejam realizados. Não tenho dúvida de que a disseminação do tênis, e de esportes no geral, é muito importante para os empreendedores do futuro. É essencial que tudo de mais maravilhoso que o esporte traz de lição esteja na cabeça e no coração dessas crianças o quanto antes. Mesmo que as lições fiquem no inconsciente, estarão para sempre enraizadas em cada indivíduo.
Por acreditar muito nisso, a Upon Global Capital decidiu apoiar o RTB através da criação de um veículo de investimentos que reverte toda a receita para o RTB. 100% das taxas de administração e performance do veículo Upon Global Macro RTB FIC FIM serão doadas, o que garante um fluxo de doações contínuo para o RTB. Sem data para acabar, para que um projeto como esse perdure no tempo. Porque o Brasil precisa de projetos como esse: projetos sérios e com propósito. O propósito de mudar a vida das crianças por meio do tênis, criando campeões para o tênis e para a vida. Porque a vida imita o tênis, e quanto antes as crianças tiverem esse acesso, sem fronteiras ou barreiras, melhor será ao Brasil do futuro.
Quer saber mais sobre o Rede Tênis Brasil? Acesse nosso site www.redetenisbrasil.com.br e redes sociais @redetenisbrasil. Quer fazer sua doação para o projeto? Acesse https://www.brazilfoundation.org/pt-br/fundoredetenisbrasil.
Pedro Silveira é sócio cofundador da gestora Upon Global Capital. Possui mais de 21 anos de experiência no mercado financeiro, e passou por grandes bancos internacionais e corretoras, como Citi, HSBC e BGC. Foi Sócio da XP Investimentos, Diretor Executivo, co-head do Business Institucional e CEO da XP Investments. Em 2010 cofundou o grupo de bares e restaurantes Alife Nino, no qual atualmente é presidente do conselho.
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