Computadores que usam luz em vez de corrente elétrica para processamento estão ganhando força e startups que solucionaram o desafio de engenharia de usar fótons em chips estão recebendo grandes investimentos.
A Ayar Labs, startup que desenvolve essa tecnologia chamada fotônica de silício, disse hoje (26) que levantou US$ 130 milhões (R$ 645 milhões) de investidores, incluindo a gigante de chips Nvidia.
Embora o chip de silício com base em transitores tenha crescido exponencialmente o poder de computação nas últimas décadas, os transistores atingiram a largura de vários átomos e reduzi-los ainda mais é um desafio. Não só é difícil fazer algo tão minúsculo, mas à medida que ficam menores, os sinais podem vazar entre eles.
Assim, a lei de Moore, que dizia que a cada dois anos a densidade dos transistores em um chip dobraria e reduziria os custos, está desacelerando, levando a indústria a buscar novas soluções para lidar com as necessidades cada vez mais complexas de computação de inteligência artificial.
De acordo com a empresa de dados PitchBook, no ano passado as startups de fotônica de silício captaram mais de US$ 750 milhões (R$ 3,7 bilhões), dobrando o montante em relação a 2020. Em 2016, foram cerca de US$ 18 milhões (R$ 89 milhões).
“A inteligência artificial está crescendo muito e assumindo grande parte do data center”, disse o presidente-executivo da Ayar Labs, Charles Wuischpard, à Reuters. “O desafio da movimentação de dados e o consumo de energia nessa movimentação de dados é uma grande, grande questão”.
O desafio é que muitos grandes algoritmos de ‘machine learning’ (aprendizado de máquina) podem usar centenas ou milhares de chips para processamento e há um gargalo na velocidade de transmissão de dados entre chips ou servidores usando os métodos elétricos atuais.
A luz tem sido usada por décadas para transmitir dados através de cabos de fibra ótica, incluindo cabos submarinos, mas trazê-lo para o nível do chip foi difícil, pois os dispositivos usados para criar luz ou controlá-la não são fáceis de encolher.
Além de conectar chips de transistor, startups que usam fotônica de silício para construir computadores quânticos, supercomputadores e chips para veículos autônomos também estão levantando grandes cifras.
A PsiQuantum, por exemplo, arrecadou cerca de US$ 665 milhões (R$ 3,3 bilhões) até agora, embora a promessa de computadores quânticos mudando o mundo ainda esteja a anos de distância.
E não são apenas as startups que impulsionam essa tecnologia. Os fabricantes de semicondutores também estão se preparando para usar a tecnologia de fabricação de chips de silício para fotônica.
O chefe de computação e infraestrutura com fio da GlobalFoundries, Amir Faintuch, disse que a colaboração com PsiQuantum, Ayar e a Lightmatter, que monta processadores usando a luz para acelerar o trabalho da inteligência artificial no data center, ajudou a montar uma plataforma de fabricação de fotônica de silício para outros usarem, lançada em março.
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