A folga remunerada sempre foi um problema. Candidatos com mais de dez anos de experiência, ao final de um longo processo de entrevista, recebiam uma oferta e depois perguntavam sobre os benefícios. Era comum que o recrutador dissesse: “você terá duas semanas de férias com uma pequena quantidade de folgas remuneradas.”
Em resposta ao pouco tempo de folga, o profissional experiente, com razão, sentia-se magoado e compreensivelmente, reclamaria que é um período muito curto para descomprimir adequadamente, além de ser injusto devido ao seu tempo de mandato. Também é uma atitude desatualizada, pois agora estamos em um mercado de trabalho acirrado, no qual as empresas precisam fazer o que puderem para atrair, recrutar e reter funcionários.
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Na outra ponta do espectro, algumas empresas oferecem folgas remuneradas ilimitadas. Embora isso pareça ótimo no começo, há um problema. A maioria das pessoas não usa a pausa para descansar, pois tem medo de ser julgada negativamente. Isso é particularmente grave para trabalhadores remotos, onde já existe preconceito na mente dos gerentes sobre o quanto as pessoas estão realmente trabalhando.
A Sorbet, uma fintech israelense, oferece uma solução para esses problemas. Veetahl Eilat-Raichel, CEO e co-fundador, tem a missão de incentivar o tempo livre para melhorar o bem-estar, a produtividade e o desempenho.
Eilat-Raichel ressalta que durante a pandemia ninguém estava tirando folga. Isso incluiu tanto os funcionários quanto os próprios líderes. Ficou claro para eles que, por trabalharem remotamente, por estarem em casa com as crianças fora da escola e com uma tremenda incerteza ao redor, o bem-estar dos colaboradores estava comprometido e isso traria consequências potencialmente graves.
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Havia questões fundamentais: o que significa um dia de folga quando você trabalha em casa? Quando o dia começa? Quando ele acaba? Qual é o sentido de tirar férias quando você não pode viajar para qualquer lugar? E como seria se eu tirasse uma folga quando ninguém pode ver o que estou fazendo?
Essas perguntas e muitas outras deixaram claro para nós que não se tratava apenas de um pequeno problema de folha de pagamento, mas de uma mudança dramática de comportamento. Isso exigiria uma abordagem disruptiva do tempo de folga remunerado, que não era interrompido há décadas.
A pesquisa da Sorbet mostrou que fazer pausas é essencial para o bem-estar. Com o tempo livre, muitas empresas estão tentando conciliar a preocupação genuína com o bem-estar dos funcionários com o foco no sucesso dos negócios, além do desempenho, cumprimento de prazos e de metas, especialmente durante tempos incertos e desafiadores.
Uma solução foi oferecer “micropausas”, que são incrivelmente eficazes para melhorar o desempenho ao longo do tempo. Dessa forma, os funcionários teriam a chance de recarregar e se recuperar sem comprometer o trabalho.
Liderando pelo exemplo, a Sorbet anunciou sua nova política, que supera a média da filial americana em 40%. O programa inclui 25 dias de descanso remunerado por ano e a capacidade de sacar até dez desses dias. Somente nos Estados Unidos, os valores não utilizados totaliza, US$ 270 bilhões. Os funcionários geralmente não conseguem sacar todo o seu saldo até que peçam demissão ou sejam demitidos.
Para funcionários de longo prazo, que estão na empresa há mais de três anos, a política concede cinco dias de descanso extras, elevando o subsídio total para 30 dias por ano e a elegibilidade de saque para 12 dias. Essa nova abordagem reconhece que cada funcionário tem suas próprias necessidades e pode querer passar o tempo de forma diferente dos outros. Ele recebe incentivos para fazer isso sempre que possível.
Para normalizar o autocuidado e garantir que as pessoas dediquem-se pelo tempo necessário sem questionar os gerentes, eles precisam rastrear o uso das pausas, que são revisadas anualmente. Isso influencia no desempenho anual.
Os funcionários têm um aplicativo da Sorbet que os ajuda no planejamento. A plataforma sugere proativamente quando podem e devem tirar uma folga. Isso permite que eles troquem a pausa por dinheiro sem problemas nos dias em que o algoritmo prevê que eles não poderão folgar ou gastar o valor em recompensas. Um funcionário médio da empresa terá acesso a US$ 3.000 extras em dias sacados por ano, que de outra forma teriam sido totalmente perdidos (nos planos de usar ou perder) ou bloqueados até que eles deixassem a empresa no futuro.
A política de benefícios da fintech é um modelo para líderes de RH que buscam mudar percepções pouco saudáveis sobre o trabalho e criar um ambiente que priorize o equilíbrio entre vida profissional e pessoal.
“Os funcionários hoje estão olhando além dos desatualizados planos de benefícios e é por isso que estamos entusiasmados em dar aos nossos mais oportunidades de fazer suas próprias escolhas e assumir o controle de suas folgas suadas, sem fazer perguntas ”, disse Eilat-Raichel. “Um problema comum é que os funcionários muitas vezes não se sentem à vontade para pedir uma folga, alegando medo de substituição. Uma parte integrante da cultura da Sorbet é entender que é do interesse de todos tirar um tempo apropriado para relaxar. Queremos liderar pelo exemplo e mostrar como damos à nossa equipe a capacidade de descansar e recarregar, o que aumenta a produtividade e a satisfação geral no trabalho.”
O post Startup investe no bem-estar pagando pelo tempo livre da equipe apareceu primeiro em Forbes Brasil.