Bancos centrais se preparam para corte sincronizado de carteira de ativos

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Kevin Lamarque/Reuters

Sede do Federal Reserve em Washington

Os principais bancos centrais do mundo, que já planejam aumentos das taxas de juros em sua luta contra a inflação, também estão preparando uma retração sincronizada de suas participações nos principais mercados financeiros, numa primeira rodada de “aperto quantitativo” que deve restringir o crédito e aumentar o estresse para a economia global já em desaceleração.

O Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, e seus pares de Europa, Japão, Reino Unido e outros lugares injetaram cerca de US$ 12 trilhões no sistema financeiro para combater as consequências econômicas da pandemia da Covid-19, comprando uma série de ativos e, em alguns casos, oferecendo empréstimos de longo prazo aos bancos, numa onda maciça de flexibilização quantitativa (QE, na sigla em inglês).

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Com a inflação crescente virando um medo comum, eles estão invertendo o curso. Analistas do Morgan Stanley estimaram recentemente que o Fed, o Banco da Inglaterra, o Banco Central Europeu e o Banco do Japão poderiam ver suas carteiras de ativos encolherem em US$ 2,2 trilhões nos 12 meses a partir de maio – o pico esperado do QE.

As estimativas são preliminares, e o Fed em particular pode se mostrar mais agressivo neste ano se, como muitos analistas esperam, deixar de apenas permitir que os títulos que possui expirem para passar a ativamente vender alguns ativos para acelerar o processo de redução do balanço.

É um momento único. A crise financeira global de 2007-2009 também desencadeou uma onda de QE, mas as recuperações seguintes nunca foram suficientemente fortes ou provocaram inflação tão alta a ponto de justificar um aperto monetário sincronizado.

“Precisamos de um aperto nas condições financeiras… Mas é possível que vejamos mudanças nos juros ou mudanças no balanço que induzam mais efeito nas condições financeiras do que pensamos que acontecerá”, disse Karen Dynan durante uma apresentação no Peterson Institute for International Economics, onde é membro sênior.

Um risco é o impacto do aperto quantitativo (QT, na sigla em inglês) ser sentido em economias mais fracas e com altos níveis de dívida e “causar uma onda de crises de dívida soberana em todo o mundo que perturbe os mercados” e aperte ainda mais as condições nos países desenvolvidos.

Mas somar o QT aos aumentos das taxas de juros já em andamento é, no entanto, uma aposta arriscada. Autoridades e economistas sabem qual deve ser o impacto geral – as taxas de juros serão mais altas do que de outra forma -, mas o resultado exato é incerto.

“Há muito pouca experiência em QT. Não há nenhuma aqui e não muito globalmente”, disse o presidente do Banco da Inglaterra, Andrew Bailey, em março.

O Banco da Inglaterra já está deixando seu balanço cair por meios passivos, e disse que começará a considerar a venda ativa de títulos assim que elevar sua taxa bancária para 1,0%. Investidores esperam um aumento de 0,25 ponto percentual na taxa, para 1%, em 5 de maio.

Já o BCE só se comprometeu a interromper as compras líquidas de ativos ainda este ano, enquanto o Banco do Japão não está no ponto de apertar, mas vem desacelerando as compras de ativos.

De longe a peça mais importante do jogo, o Fed deve finalizar seus planos na reunião do início de maio. A ata de sua discussão de março mostrou que os formuladores de política monetária concordaram em cortar até US$ 95 bilhões mensais de suas participações, cerca de US$ 1,1 trilhão por ano.

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