Após passar por uma reestruturação no início do ano e atingir o recorde histórico de R$ 700 bilhões sob gestão, o Itaú Private Bank tem planos de expandir digitalmente e estreitar ainda mais os laços com os seus clientes. O responsável por enfrentar esses novos desafios é Fernando Beyruti, que assumiu o cargo de head global em fevereiro.
O segmento de private banking do Itaú atende indivíduos e famílias que possuem mais de R$ 10 milhões em investimentos. A média de idade dos clientes é de 60 anos, mas o banco já observa a chegada de uma nova geração que vem com novas exigências.
“Os clientes antigos gostam do contato presencial, do ‘olho no olho’”, afirma o executivo, que tem mais de 20 anos de carreira no Itaú. “Já os filhos deles buscam soluções digitais, e nós não podemos esperar que eles tenham o mesmo comprometimento conosco que a geração anterior tinha”, diz ele sobre o desafio de conquistar esse público.
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O setor bancário brasileiro, afinal, têm observado a chegada de diversas fintechs e neobanks que oferecem taxas competitivas, além de serviços e atendimento digitais – os novos players têm conquistado participações importantes no mercado de varejo.
Reconhecendo essa realidade, Beyruti afirma que o Itaú vem trabalhando para se manter competitivo. O banco investiu milhões de dólares para migrar a sua plataforma para a nuvem, permitindo que a infraestrutura tecnológica triplique de tamanho. Esse movimento irá facilitar, inclusive, que o banco integre em seu sistema algumas das soluções digitais oferecidas por fintechs, caso surja um M&A no horizonte.
“Um exemplo é a implementação do cartão Global”, conta o executivo. “Ele permite fazer compras em sete moedas diferentes, tem a bandeira Mastercard, e funciona com um aplicativo super dinâmico. Nós tivemos muita dificuldade de implementá-lo no sistema antigo, mas daqui para frente iniciativas desse tipo serão muito mais fáceis”.
O Itaú também vem avaliando ampliar suas opções de investimentos ligados ao mercado de criptomoedas. Atualmente, esses ativos são oferecidos pelo banco através de ETFs (fundos de índices), mas Beyruti afirma que existe uma busca cada vez maior pela recomendação e venda direta de produtos cripto.
Por enquanto, os planos estão em fase de pesquisa. Porém, assim que uma decisão for tomada, “é plug and play”, diz ele, “porque os players do mercado já estão preparados para atender os bancos com essas novas demandas”.
Expansão internacional
Outra novidade é que, até o ano passado, as operações internacionais do private banking do Itaú faziam parte de um núcleo separado das operações nacionais. Agora, ambas estão presentes em uma mesma estrutura unificada, que deve se expandir para mais países da América Latina.
“Onde o banco tiver presença local, nós queremos oferecer o private banking internacional, como é o caso de Argentina, Chile e Colômbia”, explica Beyruti. “Não vamos entrar em países onde o banco não tem presença, como no México, por exemplo.”
Segundo o executivo, essa estratégia é um dos novos pilares do branding da empresa, que quer deixar de ser um banco brasileiro para se tornar um banco latinoamericano. Atualmente, o braço de private banking do Itaú possui escritórios em Miami, nos Estados Unidos, e em Zurique, na Suíça.
Todos esses planos acontecem apesar de um cenário macroeconômico desafiador, marcado pelas altas taxas de juros e inflação crescente.
Beyruti argumenta, porém, que esses aspectos não costumam influenciar os seus prospectos – afinal, as estratégias do banco são pensadas para o longo prazo. Além disso, os produtos financeiros de renda fixa oferecidos pelo Itaú também são competitivos.
Apesar de o Itaú Private Bank ter registrado números recordes no ano passado, com a conquista de 29,3% do market share e crescimento de 13,9% nos ativos sob gestão, Beyruti avalia que ainda não é hora de desacelerar. “O que nos trouxe até aqui, não vai nos levar daqui para frente”, diz.
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