Os agricultores podem perder dinheiro quando plantam de ponta a ponta em uma área destinada ao cultivo, disse Claire Kremen, ecologista da Universidade da Colúmbia Britânica e bióloga de conservação aplicada, durante um evento realizado no final de março, na Universidade de Chicago. Mas poderia ser diferente, lucrando com a identificação e a restauração de áreas pouco produtivas em suas fazendas.
“Pode haver pequenas áreas dentro de um campo de cultivo que são menos rentáveis”, disse Claire Kremen. “Não estou falando de identificar grandes paisagens que são marginais. Estou falando de terras que são menos produtivas. Se o produtor é capaz de identificar essas áreas e tirá-las da produção, isso pode tornar sua fazenda mais lucrativa.”
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O GPS (posicionamento global) é uma tecnologia que permite esse tipo de agricultura de precisão, disse Claire. O GPS pode indicar aos agricultores o local exato de uma colheitadeira, enquanto ela registra o rendimento da colheita, tornando possível identificar áreas específicas de baixa produtividade. Ao restaurar o habitat nessas áreas improdutivas, os agricultores podem reduzir custos com mão de obra, sementes, fertilizantes, pesticidas e combustível, disse Claire, ao mesmo tempo em que melhoram a polinização, controle de pragas, controle de doenças, qualidade da água, saúde do solo, controle de erosão e armazenamento de carbono.
Claire destacou um estudo do Reino Unido, liderado por Richard Pywell, do UK Centre for Ecology & Hydrology. Nesse estudo, os agricultores plantaram em cantos e bordas de áreas de cultivo plantas polinizadoras e que servissem para atrair pássaros. Mesmo com uma área produtiva até 8% menor, os agricultores viram suas produções aumentarem na área cultivada, em parte por causa da polinização melhorada.
“Em todas as culturas, na verdade, a produção foi significativamente maior nos campos com as plantações”, disse Claire. “Coletivamente, eles aumentaram a produção o suficiente para que não houvesse diferença na produção total, apesar de remover até 8% da área de produção. E também não houve diferença significativa nos lucros entre os tratamentos.”
“Se você puder ajudar os agricultores a fazer esse mapeamento de lucros em suas fazendas, eles podem dizer ‘Uau, estou perdendo dinheiro neste pedaço de terra, e não seria tão ruim colocar isso como reserva’”, disse Claire.
Ela considera essa atitude um passo “empolgante” em direção a esforços mais amplos e necessários para tornar a agricultura menos hostil à biodiversidade e ao clima. Parte da agricultura, infelizmente, ainda responde por desmatamento atual, por alguns dos gases de efeito estufa e pela poluição vinda de pesticidas, herbicidas e fungicidas utilizados de forma incorreta no campo.
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“Isso não é apenas parte do problema, mas o grande desafio do setor”, disse Claire. No entanto, não precisa ser desse jeito, acrescentou. Fazendas e florestas bem manejadas podem produzir produtos para humanos enquanto protegem simultaneamente a biodiversidade e mitigam as mudanças climáticas. Os agricultores podem obter estes benefícios por meio de plantações consorciadas, rotações de culturas mais longas e variadas, sebes, corredores ecológicos, corredores ribeirinhos, bosques, prados, irrigação de áreas naturais.
“O desmatamento é a maneira mais fácil e óbvia – apenas expandir em vez de tentar usar as terras que já temos”, disse ela. “O problema é que muitas terras são abandonadas, terras agrícolas, e isso é algo que realmente não é levado em consideração quando as pessoas tentam comparar sistemas agrícolas.
“Muitas pessoas dirão que não podem deixar de fazer agricultura convencional porque temos que alimentar o mundo. E isso porque a agricultura convencional – quando você está despejando todos esses produtos químicos – é bastante produtiva e produz muitos alimentos. Mas a gente está esquecendo que em determinado momento ela (a terra) pode se esgotar, não pode mais ser usada e é abandonada. Então, essa parte da nossa terra não está mais alimentando o mundo. Portanto, também devemos levar em conta que parte das terras não está cumprindo seu papel produtivo. Por isso há um avanço sobre as áreas de vegetação ainda nativa. É esse tipo de coisa que queremos evitar.”
* Jeff McMahon é colaborador da Forbes EUA. Cobre temas como energia e meio ambiente desde 1985. Também é professor da cadeira de jornalismo em argumentação e redação científica na Universidade de Chicago.
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