O dólar tinha alta contra o real hoje (8), depois de trocar de sinal várias vezes ao longo de uma manhã instável conforme investidores digeriam uma leitura mais forte do que o esperado do IPCA de março, enquanto, no exterior, o índice da moeda norte-americana rondava máximas em dois anos.
O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) subiu 1,62% no mês passado, informou o IBGE hoje, maior taxa para março desde o início do Plano Real. Em 12 meses, o índice teve alta de 11,30%. Pesquisa da Reuters apontou que a expectativa de analistas era de alta de 1,30% em março e de 10,98% em 12 meses.
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“O cenário desafiador da inflação atual e prospectiva e a sinalização ‘hawkish’ (mais dura na condução do aperto monetário) do Fomc (comitê de definição de juros do banco central norte-americano) exigem uma calibração conservadora da política monetária” brasileira, disse em relatório Alberto Ramos, diretor de pesquisa econômica para a América Latina no Goldman Sachs, após a leitura do IPCA.
No mercado de juros futuros, as taxas dos principais DIs subiam acentuadamente nesta manhã, o que Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, atribuiu a expectativas de que o Banco Central não vai parar de elevar a taxa Selic em sua reunião de maio, conforme indicado recentemente pelo presidente da autarquia, Roberto Campos Neto. Na curva de janeiro de 2023 até janeiro de 2027, os rendimentos subiam de 15 a 27 pontos-base.
Cruz disse que, embora o real deva se beneficiar da alta da Selic, que está entre as maiores taxas nominais de juros do mundo, a aceleração da alta dos preços é uma preocupação para a economia brasileira. “Eu diria que existe, sim, risco de a inflação permanecer elevada e afastar investimentos do Brasil ao longo deste ano”, embora “boa parte do mercado entenda que a inflação está chegando em seu pico e, no segundo semestre deste ano, vai desacelerar”.
Custos de empréstimos mais altos por aqui tornam o real mais atraente para estratégias que buscam lucrar com diferenciais de juros entre economias avançadas e em desenvolvimento. A Selic está atualmente em 11,75% ao ano, e o Banco Central tem indicado que promoverá ajuste de 1 ponto percentual em sua reunião de maio, o que poderia marcar o fim do ciclo de aperto monetário iniciado há mais de um ano, que tirou a taxa de uma mínima histórica de 2%.
Alguns participantes do mercado, no entanto, têm dito desde antes da publicação do IPCA de março que a autarquia pode ser forçada a estender o endurecimento da política monetária para além do encontro do mês que vem, com algumas instituições financeiras prevendo juros na casa de 14% até o fim de 2022.
Às 11:26 (de Brasília), o dólar à vista avançava 0,21%, a R$ 4,7506 na venda. A moeda oscilou entre R$ 4,7960 na máxima (+1,17%) e R$ 4,7150 na mínima (-0,54%), depois de trocar de sinal várias vezes ao longo das primeiras negociações.
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Na B3, às 11:26 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,18%, a R$ 4,7755.
Também repercutia no mercado doméstico a força do dólar no exterior, cujo índice ante uma cesta de rivais fortes era negociado acima da marca de 100 pela primeira vez em dois anos hoje.
O dólar foi impulsionado globalmente nesta semana, depois que o banco central norte-americano sinalizou na ata de sua reunião do mês passado que pode intensificar a dose de seu aperto monetário em seus próximos encontros, passando a adotar aumentos de 0,5 ponto percentual nos juros. Em março, o Fed elevou os custos dos empréstimos pela primeira vez desde 2018, em 0,25 ponto.
Com o desempenho desta manhã, o dólar ficava a caminho de subir 1,78% em relação ao fechamento da última sexta-feira, o que encerraria uma sequência de cinco desvalorizações semanais seguidas.
Ainda assim, a moeda cai 14,78% desde o início do ano, com o real ainda ostentando o melhor desempenho global no período, já que, apesar dos riscos locais e do ciclo de aperto monetário do Fed, “o Brasil segue pagando um dos melhores prêmios para o investidor que quer pegar emprestado lá fora e aplicar em país de juro alto”, disse Cruz.
A moeda norte-americana à vista subiu 0,55% na véspera, a R$ 4,7407 na venda.
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