A exportação de trigo do Brasil em 2021/22 (agosto/julho) deverá atingir um recorde de 3 milhões de toneladas, enquanto a indústria brasileira lida com preços em alta, moagem em queda e tem importado menos que o esperado, afirmou a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) hoje (7).
Até o início do mês passado, a Conab projetava exportações para este ano comercial em 2,1 milhões de toneladas, volume que foi ajustado após grandes exportações efetivadas em março, que tiveram impulso adicional da demanda extra gerada pela guerra entre Ucrânia e Rússia.
Um grande importador líquido, o Brasil tem exportado mais após colher uma safra recorde em 2021.
A maior parte das exportações brasileiras 2021/22 havia sido contratada antes do conflito no Leste Europeu. Mas as preocupações com a guerra envolvendo dois dos maiores exportadores do cereal colaboraram nos embarques recentes nacionais.
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Só em março, por exemplo, o país despachou para o exterior 800 mil toneladas, que se somaram a cerca de 2 milhões de toneladas dos embarques de dezembro, janeiro e fevereiro, segundo dados do governo.
Para abril, a expectativa de exportadores, por ora, é de mais 112 mil toneladas, o que eleva o total acumulado na safra a mais de 2,9 milhões de toneladas.
A Conab destacou que, pelo quarto mês consecutivo, o volume embarcado pelo Brasil ao exterior foi maior que o adquirido, citando o câmbio favorável a exportações e um maior percentual de trigo com PH inferior, “aceitável em outros países com menor grau de exigência”.
Os embarques de trigo do Brasil, antes mesmo do final do ano comercial em julho, já registram um novo recorde anual, superando os 2,5 milhões de toneladas da temporada 2020/11.
Para o novo ano, as perspectivas são de mais uma safra recorde de trigo, perto de 8 milhões de toneladas, segundo a Conab, o que poderia aliviar a situação para a indústria local, que tem lidado com preços em alta que, por outro lado, estimulam o plantio.
A consultoria StoneX é ainda mais otimista, vislumbrando uma produção acima de 10 milhões de toneladas neste ano.
A semeadura do cereal, contudo, está apenas começando no Paraná, e a confirmação da colheita dependerá das condições climáticas nos próximos meses.
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Moagem e importações menores
Se a exportação está indo bem, a moagem do cereal em 2021/22 foi revisada para baixo após uma queda nos dois primeiros meses do ano, disse a Conab, que não detalhou os motivos da redução, enquanto representantes do setor privado não comentaram o assunto imediatamente.
O consumo de trigo no país no ano comercial até julho foi estimado em 12,15 milhões de toneladas, queda de cerca de 400 mil toneladas na comparação com a projeção divulgada em março pela Conab, com impacto nas importações, que também foram revisadas para baixo.
Até março, a Conab projetava importações de 7 milhões de toneladas pelo Brasil, e agora a expectativa é de que o país, um dos maiores importadores globais, encerre a temporada com um volume de 6,5 milhões de toneladas.
A Conab citou que os moinhos estão abastecidos, comentando que o mercado registrou baixa liquidez em meio a preços firmes em março, diante da disparada nas exportações e da conjuntura global.
Entretanto, os estoques finais de trigo na temporada, após grande exportações, deverão cair para apenas 338 mil toneladas, enquanto nos últimos anos têm ficado na escala do milhão.
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