Desde que surgiu, em 2008, o Bitcoin, criptomoeda baseada em tecnologia Blockchain, foi apontado por vários estudos e mapeamentos como um vilão na emissão de carbono. Isso ocorria pelo fato de que os computadores de alta potência demandavam muito consumo de energia para o chamado processo de mineração. No entanto, com a discussão cada vez mais presente entre o equilíbrio de práticas sustentáveis e mineração de criptomoedas, esse assunto ganhou novas dinâmicas.
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Um relatório da XP, publicado em 2021, colocou em perspectiva a relação entre ESG e Bitcoin, além de destacar que a preocupação com os impactos ambientais advindos da mineração havia se tornado irrelevante. “A mineração não é o principal desafio frente aos obstáculos a serem enfrentados no combate às mudanças climáticas. Mas é um deles. Fato é que não existe uma bala de prata quando o tema é a redução das emissões de CO2”, destacou o relatório.
Iniciativas de redução de impacto
Algumas iniciativas mostram a preocupação ambiental aliada ao uso de Blockchain. O projeto Algorand, por exemplo, já possui emissão negativa de carbono. E a rede Ethereum, uma das mais populares, desenvolve algoritmos que têm pegada de carbono até 99.95% menor. Maurício Magaldi, mentor de Blockchain da Tune Traders, explica que, cada vez mais, faz menos sentido atribuir à tecnologia um alto nível de emissão de carbonos, já que, 70% da mineração de Bitcoin, atualmente, já utiliza energias renováveis. “Como exemplo, a Exxon Mobil anunciou que vai usar gás natural excedente na mineração de Bitcoin.”
Breno Mazza , representante da Solid World DAO no Brasil, iniciativa que se propõe a limpar meio milhão de toneladas de CO2 com tecnologia Blockchain, destaca que, além de utilizarem mecanismos de validação mais eficientes, os processos atuais demandam menos “força computacional” e, consequentemente, menos energia.
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“Para conseguir os créditos de carbono necessários para fazer isso, as redes podem contar com soluções financiadas através da própria Blockchain. Agora, existem protocolos que visam financiar ou até pré-financiar o sequestro de carbono”, destaca Breno, reforçando que um bom exemplo é a atualização da rede Ethereum, que está programada para 2022 e, quando acontecer, a rede deixará de utilizar o mecanismos de “proof of work” em que a validação de blocos depende diretamente do poder computacional, para adotar um método chamado “proof of stake”. “Com esse mecanismo de consenso, os usuários poderão minerar os tokens de uma forma diferente”, lembra Breno.
NFT sob a ótica sustentável
Thiago Valadares, sócio-diretor da NFMarket Agency, agência especializada em gestão e desenvolvimento de projetos em NFT, explica que as soluções que o Blockchain resolve são maiores que os problemas que gera. “A comunidade unida vem buscando melhorias nesse sentido. Se o computador estiver ligado em uma placa solar, esse problema ambiental não existe mais. Tudo é uma questão de ponto de vista. O correto seria neutralizar com crédito de carbono a criação do NFT. Algumas blockchains caminham no sentido de usar menos processamento, mas ainda é uma utopia. Hoje é impossível um Blockchain que não use processamento e, consequentemente, energia, sendo a questão mais profunda, pois essas mudanças impactam diretamente grandes setores da economia.”
Para Luiz Carlos dos Santos, diretor de desenvolvimento de projetos da eProfessionalTI, cas estruturas de big data que trabalham com o Blockchain dispõem de grande tecnologias de servidores, com capacidade de armazenamento de dados e processadores de última geração que minimizam os efeitos. “O modelo que está sendo construído para o segmento logístico, por exemplo, será uma grande evolução em relação ao fluxo da informação em toda a cadeia de dados, onde cada etapa do processo será reportado e registrado a um big-data, em seguida, disponibilizado a todos os membros do bloco, com isso será reduzido grande níveis de CO2 com a extinção do papel e também redução de lixo eletrônico (e-mails).”
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