Alopecia feminina e o Oscar 2022

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Axelle/Bauer-Griffin/FilmMagic

Jada Pinkett Smith na festa da Vanity Fair após cerimônia do Oscar. Atriz, que tem alopecia, foi alvo de piada de Chris Rock

Durante a cerimônia do Oscar 2022, um fato inusitado roubou a noite: o ator Will Smith, vencedor do Oscar de Melhor Ator, subiu ao palco e deu um tapa na face do comediante Chris Rock. A cena desagradável aconteceu após Rock fazer uma piada com a aparência da esposa de Will, Jada Pinkett Smith, que estava com os cabelos raspados.

Há alguns anos a atriz sofre com a perda de cabelos, já tendo divulgado em suas redes sociais e em entrevistas sua angústia com o problema, chegando ao ponto de raspar o cabelo. Diga-se de passagem, Jada estava muito bonita e elegante, mesmo sem os cabelos, mas é inegável o sofrimento que aflige as mulheres que sofrem com alopecia.

Leia mais: É necessário manter tratamentos medicamentosos após um transplante capilar?

O infeliz incidente logo tornou-se uma das noticias mais comentadas do mundo e trouxe um ponto positivo: o de chamar a atenção para esse problema tão frequente como devastador: a alopecia feminina. Existem várias causas para a perda de cabelo nas mulheres como hormonais, nutricionais, doenças autoimunes, certos tipos de penteados e até relacionados com a idade. Segundo dados da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia), 30% das mulheres terão problemas relacionados à calvície até os 50 anos. O fundamental é que o médico dermatologista, especialista em cabelos, faça o diagnóstico antes de iniciar o tratamento específico, que varia muito conforme a causa. Em casos mais graves, o transplante capilar pode estar indicado.

Reprodução

Post de Jada Pinkett Smith em rede social

Para quem achou a reação de Will Smith desproporcional à piada feita, posso afirmar o que vivenciamos dia a dia no consultório: as mulheres sofrem muito com esse problema que afeta sobremaneira seu estados emocional/psicológico. Não raro choram durante a consulta e isto afeta todos os familiares. Fazer piada com o aspecto de outra pessoa, principalmente quando relacionado a uma condição de saúde, pode ter efeitos mais deletérios do que se imagina. Só sabe o tamanho do problema quem convive com ele diariamente. Como o professor Ivo Pitanguy costumava dizer: “Muitas vezes não se mede a deformidade pela aparência, pelo seu tamanho, mas sim por aquilo que ela causa a cada um”. Portanto, o respeito com o sofrimento alheio deve ser sempre observado.

Para as mulheres que sofrem com alopecia, fica a informação de que é importante procurar o dermatologista para tratamento já em fases inicias de perda de fios e manter o tratamento para evitar a evolução da queda. Para quem convive com elas, a compreensão da dimensão e importância do problema e a empatia são fundamentais.

Márcio Crisóstomo é cirurgião plástico formado no Instituto Ivo Pitanguy, especialista em Transplante Capilar nos Estados Unidos pelo American Board of Hair Restoration Surgery, com pós-graduação em Surgical Leadership pela Harvard Medical School.

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