A diversificação das formas de trabalho observadas nos últimos anos revelou o poder transformacional inerente às tecnologias disruptivas. Trabalho híbrido, home office e o coworking foram algumas das modalidades consolidadas neste mercado e que mudaram a dinâmica dos profissionais de Recursos Humanos com relação aos modelos de negócio. Por outro lado, estes profissionais, que assumiram um papel ainda mais estratégico dentro das empresas, graças à evolução do mercado, passaram a se preocupar com outro pilar fundamental dentro do setor. Mais do que apenas gerenciar as formas de trabalho, tornou-se necessário desenvolver condições assertivas de recrutamento e captação de novos talentos.
Diante disto, a tecnologia desponta, novamente, como forte aliada destes profissionais, apresentando soluções inovadoras para a digitalização do processo de contração nas empresas. Nesse sentido, as startups de Recursos Humanos, também conhecidas como HRTechs, têm se tornado importantes parceiras no desenvolvimento de softwares que contribuem diretamente na solução destes gaps.
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A partir desta demanda, o mercado de startups de capital humano tem apresentado sólido crescimento. Nos últimos 10 anos, o número de HRTechs no Brasil passou de 66 para 356, um crescimento de quase 440%, conforme apontou o último levantamento realizado pela Distrito. De acordo com o estudo, deste total, 32,8% enquadram-se na categoria definida como “Contratação”, 38,8 % em “Aprimoramento e cuidados” e 28,4 % em “Gestão”.
Entretanto, os números relacionados a buscas por serviços que integram a categoria são ainda mais significativos. Com base na plataforma SEMRush, a procura por startups de “Banco de Talentos” representa 46% dos acessos relacionados ao tema, além de outros 39,1% que procuraram por HRTechs de “Processos Seletivos”, somando mais de 85% das pesquisas. Na sequência estão as startups relacionadas à “Qualidade de Vida”, que somaram 6,7% das buscas.
Neste cenário, os dados acima atestam a importância da consolidação deste mercado, bem como a necessidade de tecnologias que corroborem para o desenvolvimento de soluções adequadas para a realidade deste segmento. Realidade, esta, observada, nos últimos anos, também pelos investidores.
Utilizando a base de dados da Distrito, é possível observar que, no Brasil, os investimentos em HRTechs somaram U$ 3,6 bilhões nos últimos 20 anos. No entanto, somente em 2019 estes investimentos realmente se solidificaram, passando de U$ 4 milhões em 2018, para U$ 1,5 bilhão no ano posterior. Globalmente, o caminho trilhado pelas HRTechs brasileiras percorre o mesmo que as de outros países. De acordo com dados do Crunshbase, até a metade de 2021, foram investidos cerca de U$ 3,6 bilhões em startups de capital humano, um crescimento de 64% se comparado a 2020.
Apesar disto, quando analisado o destino dos investimentos no Brasil, é possível perceber que apenas U$ 841,4 milhões foram destinados à categoria “Contratação”, enquanto “Aprimoramento de Cuidados” ficou com uma fatia de U$ 2.694 milhões. Mesmo que com investimentos menores se comparado a outras categorias, a demanda por tecnologias que supram as necessidades deste setor colabora para o rápido crescimento das empresas que integram o grupo.
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Um exemplo relevante do crescimento das empresas deste setor é a Docly, uma das mais promissoras startups brasileiras do segmento. Há cerca de quatro anos operando no mercado, a provedora de soluções de gestão de RH Digital, obteve o expressivo crescimento, de forma orgânica e consecutiva, de cerca de 300%, em 2020 e 2021.
A alta demanda por soluções digitais para este setor está associada às vantagens oferecidas com relação ao papel do profissional do setor. Além de reduzir custos, evitar erros e garantir decisões mais assertivas, as ferramentas de recrutamento possibilitam expressiva redução no tempo de contratação, o que permite ao profissional executar atividades estratégicas para o negócio da empresa.
Desta forma, os dados asseguram a relevância destas empresas para o setor. No entanto, o que não sabemos ainda é se as startups deste ecossistema continuarão crescendo de forma orgânica ou se o mercado de investimentos promoverá alterações em seus interesses dentro destas categorias de HRTechs.
Vitor Magnani é presidente da Associação Brasileira Online to Offline (ABO2O) e do Conselho de Economia Digital e Inovação da Fecomercio/SP. Professor da FIA e especialista em Relações Institucionais para ecossistemas inovadores
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