“Existem basicamente duas forças motivadoras: medo e amor. Quando estamos com medo, nós puxamos as rédeas da vida para trás. Quando estamos apaixonados, nos abrimos a tudo que a vida tem para nos oferecer com paixão, excitação e aceitação. Nós precisamos aprender a nos amar primeiro, em toda a nossa glória e nossas imperfeições. Se nós não nos amarmos, não seremos capazes de abrir nossa habilidade de amar os outros ou nosso potencial criativo. A evolução e toda a esperança de um mundo melhor estão na visão de pessoas destemidas e de coração aberto, que abraçam a vida na sua magnitude.” John Lennon
Quantas vezes você já comprou vinho por emoção? Quantas vezes comprou pelo rótulo, porque a garrafa era bonita, porque tinha um encontro e queria impressionar, porque tinha acabado de receber o salário e não estava se importando com preço ou porque as crianças estavam chorando e você escolheu rápido?
Segundo Elisa Choy, da Maven Data na Austrália, um extenso estudo sobre emoções chegou à conclusão de que o que impera para nossas decisões foi o que John Lennon disse: medo e amor.
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Aparentemente, as pessoas não falam a verdade quando assuntos sensíveis são colocados em pauta, como “você acredita em aborto?”, “em quem você vai votar?”. Pesquisas feitas com amostras de 3.000 pessoas e que demoram 2 meses para terem os dados analisados não são mais precisas. O que está acontecendo é que as pessoas estão compartilhando emoções autênticas na rede. “É aí que buscamos a verdade”, disse Choy em uma palestra que acompanhei na Califórnia.
Com essa verdade, conseguimos entender com o que realmente as pessoas se importam, como, por exemplo, a guerra na Ucrânia. Uma pesquisa com os russos demonstrou que eles se importam, sim, com a Ucrânia e sua história. E é claro que Putin está agindo no amor e no medo: amor ao poder e medo de perdê-lo. Mas o resto do mundo, online e “sentindo a guerra” mais próxima, se comove e se une contra. Unidos somos mais fortes!
E a verdade no vinho?
Pesquisas demonstram que as novas gerações estão mais preocupadas com consumo de álcool e o fazem de forma mais consciente. Se preocupam com a fonte, querem saber das técnicas, da gestão dos vinhedos e da preocupação com o ambiente, transporte e embalagens. Por isso há um grande movimento nesse sentido por parte do setor.
“Não dá mais, temos que mudar urgente!”, afirma Olivier Krug, da Maison Krug, uma das marcas do grupo LVMH. “Porém, numa organização grande, tudo demora demais para mudar e não temos esse tempo”, diz.
Talvez a chegada em 1o de abril de um novo diretor, Manuel Reman, que era da MHCS (Möet Hennessy Champagne Services), no lugar de Maggie Henriquez possa acelerar o processo? Não sei. Mas Maggie fez enormes avanços e tinha um drive mais sustentável. Uma pena que não seja mulher a próxima diretora, já que existem tantos homens pensando com a mesma masculinidade. Só podemos esperar o melhor, de qualquer forma.
Quais as emoções para comprar vinhos?
O consumidor precisa se sentir INSPIRADO. A maioria dos consumidores não entende o produto (o vinho) e existe o misticismo ao redor que é estressante para o consumidor. É nessa hora que é importante o produtor contar sobre ele, a família, o processo que o levou até aqui, pois, as pessoas se relacionam mais com isso do que se o vinho tem vinhas antigas ou novas – informações que não importam tanto para o público leigo.
Trabalhar a EDUCAÇÃO é outra emoção sustentável. Quando o produtor educa o consumidor, ele sente confiança e forma-se uma liga mais profunda do que só ter um rótulo legal.
Quando o consumidor PERTENCE a uma categoria de vinhos é porque eles compartilham dos mesmos valores. Exemplo disso são os clubes de vinhos e membros de alguma confraria ou vinícola.
VALIDAÇÃO. Quando alguém mais experiente ou mais entendido valida o vinho que você está tomando, isso gera uma emoção de que foi tomada a decisão certa de comprar esse vinho.
FELICIDADE. No final das contas, o que o produtor de vinho quer mesmo é ver o consumidor feliz. Sabe quando caprichamos naquela refeição e as pessoas comem e fazem ‘hummm, isso está muito bom’? É isso que todos eles querem, a felicidade.
Na próxima vez que for comprar vinho, tente identificar essas emoções e divirta-se!
Tchin tchin.
Carolina Schoof Centola é empreendedora do mundo do vinho plus sommelière, especializada na região de Champagne. Em Milão, foi a primeira mulher a participar do primeiro grupo de PRs do Armani Privé.
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