Os preços do bitcoin e de outras criptomoedas estiveram sob pressão durante a maior parte de 2022 – o bitcoin perdeu quase 20% de seu valor até agora neste ano.
O preço do ether e de outras grandes moedas digitais também registraram fortes quedas. Os investidores agressivos – que normalmente optam por criptomoedas – têm se assustado com a perspectiva de aumento das taxas de juros e a retirada das medidas de estímulo adotadas durante a pandemia.
O bilionário Elon Musk, da Tesla, já causou choques no mundo das criptomoedas quando incluiu US$ 1,5 bilhão em bitcoins no balanço da sua empresa no ano passado. Agora, ele disse que “não vai vender” seus bitcoins, ethers e dogecoins, e aconselhou as pessoas a não investir em dólares enquanto a inflação estiver alta.
“Como regra geral, para aqueles que procuram conselhos neste assunto, geralmente é melhor possuir coisas físicas, como uma casa ou ações de empresas que você acha que fabricam bons produtos, do que dólares”, disse Musk via Twitter em uma conversa com o executivo e bilionário Michael Saylor. “Eu, pelo menos, ainda possuo e não vou vender meus bitcoins, ethers e doges.”
A série de tweets não impulsionou o preço do bitcoin como outros comentários de Musk sobre criptomoedas fizeram no passado. O preço do dogecoin disparou brevemente, mas caiu de novo, retomando uma tendência que o fez perder mais de 80% desde que um rali alimentado por Musk o levou para mais de US$ 0,70 há quase um ano.
Musk, que perguntou a opinião dos seus seguidores no Twitter sobre qual seria a “provável taxa de inflação nos próximos anos”, estava respondendo a Saylor, executivo-chefe da empresa de software MicroStrategy.
O bilionário do setor de TI previu que “a inflação ao consumidor continuará perto das máximas históricas, e a inflação de ativos será o dobro da taxa de inflação ao consumidor” nos próximos anos.
Saylor acrescentou que “moedas mais fracas entrarão em colapso. A fuga de capital de títulos de dívida e ações de valor para propriedades escassas como bitcoin se intensificará”.
Leia mais: Criptomoedas caem após Rússia invadir Ucrânia
“Não é totalmente imprevisível que você chegue a essa conclusão”, respondeu Musk, referindo-se às grandes quantidades de bitcoin que Saylor tem. A MicroStrategy, uma empresa de software que já existe há décadas, se tornou um veículo de aquisição de bitcoin nos últimos dois anos. A MicroStrategy agora detém pouco mais de 125 mil bitcoins, atualmente avaliados em cerca de US$ 4,8 bilhões.
Musk, que se tornou uma das figuras mais polêmicas na comunidade cripto no ano passado, pediu repetidamente por uma atualização do blockchain do dogecoin, sugerindo que o doge poderia trabalhar com o ethereum para “juntos derrotar o bitcoin”.
Embora Musk tenha dito que possui bitcoin, ethereum e dogecoin em sua carteira pessoal de investimentos, não se sabe quando ele comprou as criptomoedas ou quanto delas adquiriu.
Na semana passada, os números mais recentes da inflação nos EUA mostraram que o aumento dos preços ao consumidor disparou para uma alta de quatro décadas. Os custos de aluguel, combustível e alimentos subiram antes mesmo da invasão russa da Ucrânia, que desencadeou um forte aumento nos preços da energia.
Na próxima quarta-feira (16), o Federal Reserve, banco central norte-americano, deve aumentar as taxas de juros pela primeira vez desde que a pandemia de Covid-19 levou a economia global ao colapso, em uma tentativa de conter a inflação crescente.
“Os mercados esperam que o Fed cumpra os planos de aumentar as taxas de juros, mas ainda há incerteza sobre qual será o reajuste e quão rápido isso irá acontecer”, disse Danni Hewson, analista financeiro da corretora AJ Bell, em nota por email.
“Mais uma vez, os fatores externos estão no comando, e há grandes incertezas sobre o quão efetivos os aumentos das taxas realmente serão para esfriar os aumentos de preços.”
O post Não vou vender, diz Elon Musk em meio a queda de criptomoedas apareceu primeiro em Forbes Brasil.