As mulheres detinham 37% dos cargos de nível executivo no setor em 2017, quando a agência de notícias Marijuana Business Daily lançou o relatório “Mulheres e minorias na Indústria de Maconha”. Hoje, a porcentagem de mulheres que ocupam essas posições caiu para 22%. Isso apesar das descobertas publicadas em um documento recente da plataforma The Arcview Group e da organização americana Associação Nacional da Indústria de Cannabis, de que as empresas com mulheres em cargos de liderança são mais lucrativas e produzem mais do que o dobro da receita por dólar investido do que as companhias sem mulheres.
Desde que o MJBiz compartilhou suas descobertas, há cinco anos, não havia pesquisas quantitativas globais disponíveis sobre mulheres que trabalham com maconha. A partir de 2019, o WICS (sigla em inglês para Estudo de Mulheres na Cannabis) compilou dados rigorosos de entrevistas qualitativas e pesquisas com mais de 1.500 mulheres e participantes não-binários.
Esses dados podem responder por que mais mulheres não estão liderando o setor de cannabis e inspirar mudanças para criar uma indústria mais justa. Também vale a pena notar que organizações como a Rede de Inclusão Feminina da Arcview, How to Do the Pot, Cannaclusive, Cannabis Doing Good, Women Grow e muitas outras têm feito um trabalho importante nessa área.
Fundado e liderado por Jennifer Whetzel, que também é diretora da agência de branding Ladyjane, o estudo tem como objetivo final promover a diversidade no setor, apoiando continuamente empresas, consumidores e defensores de políticas. Com financiamento de apoiadores, o WICS planeja realizar estudos futuros e publicar relatórios. Sua primeira edição também inclui depoimentos pessoais e perfis de profissionais de cannabis que dão vida aos fatos e números.
“O storytelling é uma ferramenta poderosa. Quando contamos histórias, criamos uma história viva, daquelas que têm a capacidade de transcender o tempo e gerar um efeito cascata duradouro. Os dados em si são realmente atraentes, mas para realmente inspirar, as histórias por trás da análise devem ser contadas”, escreve Whetzel na nota da autora.
Whetzel, que recebeu seu cartão de maconha medicinal no dia em que se mudou para o Maine para ajudar a controlar os sintomas de vários distúrbios imunológicos e de transtorno de stress pós-traumático, credita sua inspiração e cura à planta e aos amigos que conheceu na comunidade local de cannabis.
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“Quando me propus a conduzir o Estudo Mulheres na Cannabis, fui motivada não apenas pelas experiências fascinantes e dinâmicas das mulheres em nossa área, mas também pelo desejo de amplificar vozes e criar uma indústria segura e equitativa para todos. Temos a chance de mudar o paradigma, reconhecer as barreiras em nosso caminho e construir uma cadeia de suprimentos baseada na integridade”, acrescenta Whetzel. “Essa pesquisa é minha contribuição. Fornecer o relatório sem nenhum custo é minha maneira de agir radicalmente. Espero que ele gere discussões instigantes e nos permita causar um impacto duradouro nas próximas gerações.”
Depois de um mergulho no relatório de 280 páginas recém-publicado neste mês do Dia Internacional da Mulher, aqui estão as cinco descobertas mais interessantes das carreiras na cannabis.
Por que maconha?
A maioria das entrevistadas compartilhou que entrou para a indústria de maconha por causa de sua paixão e experiência com a planta (72%), quer tenham sido ajudadas pessoalmente (68%) ou testemunhado seu poder de cura através de amigos ou familiares (45%). As mulheres também têm grande interesse em trazer suas habilidades, conhecimentos e sabedoria para esse novo setor (71%). Elas são menos propensas a classificar a oportunidade financeira (60%) como uma das três principais razões para ingressar no setor.
Mulheres negras e LGBT
Embora o acesso a oportunidades de liderança e financiamento inicial possam ser reduzidos para comunidades negras no mundo dos negócios, um grande número de mulheres negras e indígenas que responderam se identificaram como proprietárias de negócios auxiliares. As mulheres negras eram mais propensas a declarar que eram donas e fundadoras (44%) do que funcionárias em período integral ou parcial (19%). Do total de participantes da pesquisa, 27% são LGBTQIA+. O número alto pode ser indicativo de uma aceitação mais ampla dessas pessoas na indústria da cannabis ou, no mínimo, um alto nível de conforto em se identificar como tal. Desses 27% da amostra total, a maioria é do sexo feminino e 4,2% são pessoas não-binárias, queer e trans.
Barreiras
Apesar do número impressionante de mulheres fundadoras e proprietárias nesse estudo, apenas 11% das entrevistadas acreditam que a indústria da cannabis é equitativa. Os desafios mais comuns listados incluíram sexismo, assédio, bullying, falta de apoio, falta de benefícios, dificuldade em obter financiamento e recursos, baixos salários, vergonha e estigma. Embora o uso de cannabis esteja se tornando mais comum, 66% das entrevistadas foram envergonhadas por outras pessoas por usarem maconha, principalmente por seus familiares e médicos. Como esperado, isso levou a maioria delas a sentir a necessidade de esconder que usam maconha, pelo menos algumas vezes. E 64% relataram ter sido envergonhadas por trabalhar na própria indústria da cannabis.
Maconha no trabalho
Para a maioria das entrevistadas, o consumo de cannabis é aceitável em seu local de trabalho – abertamente ou em particular – e 65% consomem THC ou CBD no trabalho. Embora apenas 13% das entrevistadas do estudo trabalhem em um ambiente em que seu uso de cannabis “não é aceitável”, 35% ainda optam por não consumir cannabis no trabalho.
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Uso de maconha
Mais de 90% das entrevistadas disseram que consomem cannabis pelo menos uma vez por mês; mais de 66% disseram que usam diariamente. Isso é superior à média encontrada entre os consumidores atuais em estados legais. A maioria das participantes indicou que consome cannabis para obter benefícios à saúde, independentemente de serem pacientes registradas. E embora o consumo de cannabis não seja necessariamente obrigatório para trabalhar no setor, 66% das entrevistadas concordaram que uma conexão pessoal com a cannabis as ajuda a ter sucesso e prosperar nos negócios.
O post Como as mulheres estão impactando a indústria da maconha apareceu primeiro em Forbes Brasil.