IPCA tem maior alta para fevereiro em 7 anos, pressionado por combustíveis

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Em 12 meses, o maior peso para o aumento de 10,54% na inflação partiu dos combustíveis, que acumulam avanço de 33,33%

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) teve uma alta de 1,01% em fevereiro, segundo dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) hoje (11). Este é o resultado mais elevado para o mês desde 2015, quando o índice saltou para 1,22%.

O valor vem acima dos 0,95% esperados por uma pesquisa conduzida pela Reuters e é quase o dobro do aumento de 0,54% registrado no primeiro mês do ano.

Os custos de educação e alimentos, com alta de 1,28% e 57%, contribuíram para que a taxa em 12 meses subisse acima de 10,5%, em meio ao fantasma da elevação dos preços dos combustíveis. O acumulado também está acima da expectativa de 10,50%.

Isso representa mais do que o dobro do teto da meta de inflação para 2022, que era de 3,50%, com margem de 1,50 ponto percentual para mais ou menos

O Banco Central, que já elevou a taxa Selic a 10,75% ao ano, se prepara para voltar a discutir a taxa básica de juros no país na próxima semana e deve promover nova elevação na quarta-feira que vem.

A reunião de política monetária tem como pano de fundo da alta dos preços dos combustíveis, depois de a Petrobras ter anunciado na véspera que elevará os preços do diesel em cerca de 25% em suas refinarias, enquanto os valores da gasolina deverão subir quase 19%. Um dos principais motivos do reajuste é que as cotações do petróleo no mercado internacional, assim como de outras commodities, saltaram em função da guerra na Ucrânia.

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Mesmo antes do conflito, o preço da gasolina já era motivo de preocupação no Brasil. Nos últimos 12 meses os combustíveis acumulam avanço de 33,33% – embora em fevereiro eles tenham registrado queda de 0,92%.

“O IPCA já veio pior que o esperado, mas o aumento da gasolina só faz impacto no próximo mês”, avalia Jansen Costa, sócio-fundador da Fatorial Investimentos. Segundo o BC, o pico da inflação deve ser entre abril e maio.

Uma política monetária mais “hawkish” (dura no combate à inflação) tende a esfriar os gastos do consumidor e, consequentemente, conter a alta dos preços.

No entanto, Piter Carvalho, economista da Valor Investimentos, interpreta que um aumento dos juros não será suficiente para combater a inflação, porque ela já virou “inercial”.

“A inflação já tem uma velocidade. Mesmo se hoje tudo se acalmar, ela vai continuar, porque os preços estão sendo ajustados pela expectativa”, afirma.

Além disso, o Senado aprovou na véspera projeto que cria uma conta de estabilização para os preços dos combustíveis, que ainda será analisada pela Câmara dos Deputados, enquanto a Câmara aprovou na madrugada de hoje a alteração da cobrança do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) sobre os combustíveis.

A deterioração das expectativas inflacionárias na esteira do choque de preços das commodities com a guerra na Ucrânia tem forçado analistas a promover uma revisão generalizada dos cenários para os preços e taxas de juros, que deverão subir mais e por mais tempo, com impactos colaterais sobre a atividade econômica. E a decisão da Petrobras já levou agentes financeiros a preparar novas revisões nas perspectivas para o IPCA. (Com Reuters)

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