Osesp abre hoje a temporada de concertos com duas peças de Heitor Villa-Lobos

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Mariana Garcia/Osesp

Temporada 2022 da Osesp começa hoje (10)

“Podemos olhar Villa [Lobos] de vários pontos de vista, e sempre chegamos à conclusão de que é nosso maior gênio musical.” Palavras do italiano Emmanuele Baldini, spalla (principal violinista) da Osesp desde 2005, sobre o homenageado da Temporada 2022 da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, que começa hoje, às 20h30, na Sala São Paulo.

Três concertos (de hoje a sábado) abrem a programação do ano, batizada de Vasto Mundo: Clássicos Modernistas (em referência aos 100 anos da Semana de Arte Moderna), com duas peças de Heitor Villa-Lobos (“Bachianas Brasileiras nº 2: O Canto da Nossa Terra” e “Uirapuru”), uma do finlandês Jean Sibelius e a composição La Valse, do francês Maurice Ravel, também modernista. O concerto de amanhã terá transmissão digital no YouTube da Orquestra. O de sábado já está com ingressos esgotados. 

Fernando Ruz

Emmanuele Baldini, principal violinista da Osesp

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A regência deveria ser do diretor musical e regente titular da Osesp, o suíço Thierry Fischer, mas um caso de Covid-19 de um familiar próximo impediu a viagem ao Brasil. A batuta ficará a cargo do britânico Neil Thomson. Os espetáculos terão a participação do premiado violinista albanês Tedi Papavrami, radicado em Genebra, na Suíça, e que toca um instrumento feito exclusivamente para ele pelo cultuado lutier Christian Bayon.

“Além de ter sido um dos protagonistas da semana de 22, Villa-Lobos havia introduzido em sua música elementos e linguagens novas, revolucionando a música de concerto brasileira”, enfatiza Baldini sobre o homenageado da temporada. “Ninguém mais do que ele traduziu em música a enorme diversidade que é o DNA do nosso país e de nosso povo. Ele tem a escola europeia como base de sua escrita, mas, ao longo dos anos, se serviu desta escola para criar algo novo, uma verdadeira identidade brasileira em sua música.”

Quarteto de cordas

No domingo, dia 13, às 18h, será a vez do Quarteto Osesp abrir os trabalhos de 2022 com um convidado que vem chamando a atenção do universo da música erudita: o pianista israelense Tom Borrow, de 21 anos, que fará sua estreia no Brasil. “Uma das atividades principais do Quarteto Osep é tocar com solistas que se apresentam com a orquestra”, explica Baldini, primeiro violino do Quarteto desde sua criação, em 2008. “O exercício da música de câmara é rico e profundo, e fazer um recital com esses solistas é uma maneira de conhecer mais no detalhe suas visões musicais. Tom Borrow é um jovem extraordinário, que terá um grande futuro na cena internacional, portanto, será para todos nós uma grande experiência”, completa o músico que, ano passado, recebeu do Governo do Estado de São Paulo a Medalha Tarsila do Amaral por seus méritos artísticos.

Mariana Garcia/Osesp

Quarteto da Osesp

Sobre papel da música erudita em um momento tão conturbado dentro e fora do país, Baldini, que este ano também será regente titular da Orquestra Sinfônica do Conservatório de Tatuí, diz o seguinte: “a música e a arte são das poucas maneiras que temos para conhecer melhor a nós mesmos. Quando escutamos uma Sinfonia de Beethoven, ou um Noturno de Chopin, não só voltamos para casa renovados e mais ricos, mas também nos entendemos mais como seres humanos.” O spalla vai fundo na resposta. “A arte e a música são marcas eternas de uma civilização. E, quando pensamos que há seres humanos que praticam a crueldade e a maldade, podemos pensar que há outros que, através da música, tentam deixar um sentido a esse mundo que parece sem sentido.”

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Destaques da temporada

Em relação à continuação da temporada, Baldini aponta alguns destaques com exclusividade para a Forbes. “Me deixe começar com a estreia do Concerto para violino de Francisco Mignone, um grande brasileiro, que terei a honra de apresentar em julho e que será também gravado pelo selo Naxos [Baldini tem mais de 40 CDs gravados]. Depois, não poderia deixar de citar dois grandes poemas sinfônicos de Richard Strauss: “Uma vida de herói” e a “Sinfonia Alpina”, regidos por Thierry Fischer em maio; e “Floresta Villa-Lobos”, regido por Marin Alsop, e que será também apresentado no Carnegie Hall, em Nova York, em outubro: uma espécie de viagem musical para dentro da floresta amazônica, tão maltratada e tão preciosa.”

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