Os preços mundiais de alimentos atingiram um recorde em fevereiro, saltando 24,1% em relação ao ano anterior, liderados por um aumento nos óleos vegetais e laticínios, disse a agência de alimentos da ONU hoje (4).
O índice de preços de alimentos da FAO (sigla em inglês para Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), que acompanha as commodities alimentares mais comercializadas globalmente, teve média de 140,7 pontos no mês passado, contra 135,4 pontos revisados para baixo em janeiro. Esse número foi dado anteriormente como 135,7.
Os preços mais altos dos alimentos contribuíram para um aumento mais amplo da inflação à medida que as economias se recuperam da crise do coronavírus, e a FAO alertou que os custos mais altos estão colocando em risco as populações mais pobres em países dependentes de importações.
O economista da FAO Upali Galketi Aratchilage disse que as preocupações com as condições das safras e as disponibilidades de exportação forneceram apenas uma explicação parcial para o aumento dos preços globais dos alimentos.
“Um impulso muito maior para a inflação dos preços dos alimentos vem de fora da produção de alimentos, particularmente dos setores de energia, fertilizantes e rações”, disse ele. “Todos esses fatores tendem a comprimir as margens de lucro dos produtores de alimentos, desencorajando-os a investir e expandir a produção.”
Os dados do relatório de fevereiro foram compilados em grande parte antes da invasão russa da Ucrânia. As preocupações com as tensões na área do Mar Negro já pesavam nos mercados agrícolas antes mesmo da violência explodir, mas analistas alertam que um conflito prolongado pode ter um grande impacto nas exportações de grãos.
A FAO disse que seu índice de óleos vegetais subiu 8,5% em relação ao mês anterior em fevereiro, atingindo outro recorde, impulsionado pelo aumento dos preços do óleo de palma, soja e girassol. A Ucrânia e a Rússia representam cerca de 80% das exportações globais de óleo de girassol.
O índice de preços dos grãos subiu 3,0% no mês, com os preços do milho avançando 5,1% e os preços do trigo subindo 2,1%, refletindo em grande parte a incerteza sobre os fluxos de oferta global dos portos do Mar Negro.
O índice de preços de lácteos da FAO aumentou 6,4%, seu sexto aumento mensal consecutivo, sustentado por uma oferta global apertada, enquanto os preços da carne subiram 1,1% em fevereiro.
Por outro lado, o açúcar foi o único índice a registrar queda, caindo 1,9% em relação ao mês anterior devido, em parte, às perspectivas favoráveis de produção nos grandes exportadores Índia e Tailândia.
A FAO, com sede em Roma, também divulgou suas primeiras projeções para a produção de grãos em 2022, vendo a safra global de trigo aumentar para 790 milhões de toneladas, de 775,4 milhões em 2021, graças às esperanças de altos rendimentos e plantio extensivo no Canadá, Estados Unidos e Ásia.
A FAO disse que a produção de milho na Argentina e no Brasil em 2022 está prevista para níveis bem acima da média, principalmente no Brasil, onde a safra de milho atingiu um recorde de 112 milhões de toneladas.
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