A estimativa da safra de soja do Brasil em 2021/2022 sofreu um novo corte hoje (2), com 121,17 milhões de toneladas a menos. O novo valor reflete os efeitos da seca que atinge algumas regiões produtoras do Sul, de acordo com levantamento da consultoria StoneX.
Na comparação com a previsão de fevereiro, a StoneX rebaixou a produção em 4,2%. Isso também resultou em revisões de mais de 6% para baixo nas previsões de exportação do grão: de 80 milhões para 75 milhões de toneladas.
Neste levantamento, a produção do Rio Grande do Sul foi rebaixada para 8,9 milhões de toneladas, 60% a menos que o alcançado no ciclo 2020/21. Minas Gerais também teve uma perda de potencial produtivo nesta revisão.
“Nem mesmo os ajustes positivos, em Goiás, Mato Grosso, São Paulo, Estados do Nordeste e do Norte conseguiram compensar significativamente as fortes perdas esperadas”, disse a especialista de Inteligência de Mercado do grupo, Ana Luiza Lodi.
Diante da quebra de safra, as exportações do grão têm sido mais penalizadas do que o processamento, enquanto a China tem buscado mais soja nos Estados Unidos, em plena colheita no Brasil.
De outro lado, as expectativas de processamento de soja no Brasil neste ano estão mais firmes, diante de boas margens de esmagamento e forte demanda externa para o óleo de soja, de acordo com a associação Abiove.
As perspectivas apontam ainda para um balanço de oferta e demanda “restrito”, com os estoques finais estimados em 2,3 milhões de toneladas, disse a StoneX.
Milho: produção afetada pelo clima
Pelo quarto mês consecutivo, a StoneX reduziu sua estimativa de produção para a primeira safra 2021/22 de milho, para 25 milhões de toneladas, um corte de 1,1%, ou 286 mil toneladas, em comparação com o relatório anterior.
A redução no número refletiu também a menor expectativa para a safra de verão no Rio Grande do Sul.
“A irregularidade climática ao longo do último mês prejudicou significativamente a produtividade em regiões de desenvolvimento mais tardio do Estado”, disse o analista de inteligência de mercado do grupo, João Pedro Lopes.
Em relação à segunda safra de milho 2021/22 do Brasil, o número da StoneX foi levemente elevado, em 263 mil toneladas em comparação com a última divulgação, para acomodar as perspectivas mais positivas para a produção no Norte/Nordeste.
“O bom ritmo de colheita da soja e de plantio do milho safrinha seguem dando suporte à expectativa de produção recorde [de milho] no país”, disse.
“Por outro lado, será preciso acompanhar de perto as condições climáticas nos próximos meses, visto que um quadro de déficit hídrico poderia resultar em uma produção significativamente inferior à estimada atualmente”, comentou.
Somando as três safras do cereal, a produção total está prevista em 116,1 milhões de toneladas, praticamente inalterada em comparação com o relatório de fevereiro.
As exportações de milho do Brasil em 2021/22 seguem estimadas pela StoneX em 40 milhões de toneladas, contra 20,9 milhões na safra anterior, e o consumo doméstico em 75,5 milhões, contra 71,5 milhões em 2020/21.
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