Petróleo tem maior alta em sete anos e chega a US$ 107 por barril

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Analistas temem choque de oferta de petróleo

Os preços do petróleo continuaram a disparada hoje (1), quando os militares da Rússia intensificaram seu ataque à capital da Ucrânia, Kiev. O petróleo de referência dos EUA West Texas Intermediate saltou 10,6% para cerca de US$ 106 (R$ 546,98) por barril, seu nível mais alto desde julho de 2014, enquanto o petróleo de referência internacional Brent aumentou 9,5% para ser negociado a mais de US$ 107 (R$ 552,14) por barril – superando a alta de sete anos da semana passada de US$ 105 (R$ 541,82) por barril.

A IEA (Agência Internacional de Energia) realizou uma reunião com autoridades de energia de todo o mundo para discutir como seus integrantes “podem desempenhar um papel na estabilização dos mercados de energia”, com os países membros concordando em liberar 60 milhões de barris de petróleo de suas reservas estratégicas para ajudar a compensar o impacto do conflito Rússia-Ucrânia.

Embora os Estados Unidos e os aliados ocidentais tenham agora desencadeado severas sanções econômicas contra a Rússia, a maioria dos países até agora relutou em atingir o país com duras sanções energéticas.

Analistas temem que, se as exportações de energia da Rússia forem interrompidas, seja devido a um conflito prolongado com a Ucrânia ou a uma nova rodada de sanções ocidentais mais duras, os mercados globais de energia possam enfrentar um choque de oferta, já que a Rússia é o segundo maior produtor de petróleo do mundo e um grande fornecedor de gás natural para a Europa.

O Canadá se tornou ontem (28) o primeiro país a visar diretamente os mercados de energia da Rússia, proibindo as importações de petróleo e, embora outros aliados ocidentais ainda não sigam o exemplo, já há sinais de interrupções nas exportações de petróleo russo, segundo analistas.

“Os atuais diferenciais de preço do petróleo estão refletindo uma clara relutância em aceitar o petróleo russo”, disse o JPMorgan em nota aos clientes hoje, acrescentando que “os principais financiadores europeus das casas de comércio de commodities já começaram a restringir o financiamento para negócios de commodities, e os bancos chineses também estão recuando.”

Pontos princiais:

Os preços do petróleo subiram pela primeira vez acima de US$ 100 por barril na quinta-feira passada, quando a Rússia começou oficialmente sua invasão da Ucrânia. Embora até agora tenham ocorrido sanções limitadas às exportações russas de energia, várias grandes empresas de petróleo e gás, incluindo BP e Shell, anunciaram recentemente planos de sair das operações russas.
As ações dos EUA oscilaram descontroladamente em meio à incerteza geopolítica, com o S&P 500 de referência caindo quase 10% até agora em 2022. Embora as consequências econômicas globais da invasão provavelmente permaneçam “modestas”, de acordo com o economista-chefe da Moody’s Analytics, Mark Zandi, “será uma história diferente para a economia russa, que deve sofrer um grande golpe” das sanções ocidentais.
O rublo russo caiu para uma baixa histórica em relação ao dólar americano ontem, e a Bolsa de Valores de Moscou permaneceu fechada pelo segundo dia consecutivo, com especialistas alertando que a Rússia é “cada vez mais ininvestível para investidores globais”.

Para ficar atento:

Se as exportações russas de petróleo e gás natural forem totalmente interrompidas – por qualquer motivo – “é plausível, nesse cenário, que os preços do petróleo subam para mais perto de US$ 150 por barril”, previu Zandi. Mesmo que os preços do petróleo permaneçam em US$ 100 por barril por um período de tempo “sustentável”, isso pode acabar custando aos consumidores dos EUA cerca de US$ 80 bilhões a mais na bomba de gasolina, estima ele. Parte desse impacto já está sendo sentido pelos americanos: a média nacional de um galão de gasolina atualmente é de US$ 3,619 – um aumento de 24 centavos em relação ao mês passado, segundo dados da AAA.

“A situação frágil na Ucrânia e as sanções financeiras e energéticas contra a Rússia manterão a crise energética alimentada e o petróleo bem acima de US$ 100 por barril no curto prazo e ainda mais se o conflito aumentar ainda mais”

Louise Dickson, analista sênior de mercado de petróleo da Rystad Energy

O Morgan Stanley também elevou sua previsão de curto prazo para os preços do petróleo, com os eventos na Ucrânia introduzindo um risco que “provavelmente permanecerá nos próximos meses”. A empresa agora vê o petróleo Brent com média de US$ 110 por barril no segundo trimestre, acima da previsão anterior de US$ 100.

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