Destinos incomuns para uma primeira grande viagem pós-pandemia

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Longe do lugar em comum: experts indicam destinos fora do óbvio para o pós-pandemia

Redescobrir pequenas e grandes alegrias. A nova era das viagens está aí para nos trazer o objetivo original das explorações: ambicionar o desconhecido, aproveitar e viver momentos inesquecíveis. Então como podemos ter tudo isso? Através de imersões reais, dias de aventura, dolce far niente e flânerie — descobrindo lentamente os prazeres locais, explorando os destinos ocultos e conectando-se com as pessoas e lugares do caminho.

Para ter uma visão insider e bem pessoal, conversei com quatro especialistas em viagens. Eles indicam lugares e passeios incomuns e explicam suas razões.

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• ESCÓCIA, PANAMÁ E INDONÉSIA

Inglês apaixonado pelo Brasil, Simon Mayle é diretor de Eventos da ILTM Americas, ILTM Latin America, PROUD Experiences & WTM Latin America. Ele lidera alguns dos mais importantes eventos mundiais do mercado de viagens de luxo, percorre o planeta a trabalho e para rever os muitos amigos e familiares.

Feliz em compartilhar suas experiências de viagem com os leitores da Forbes, ele avisa logo de cara: “Vou indicar três destinos completamente diferentes um do outro e absolutamente incomuns”. Vamos a eles. “O primeiro que me vem à mente é a Escócia, onde estive na minha primeira trip pós-lockdown. A ilha de Skye, que é longe de tudo, captura a imaginação com o nascer e o pôr do sol incríveis, com as formações rochosas que parecem Stonehenge e até com os golfinhos na baía de manhã. A ilha parece paisagem de filme recortada por lagos, revelando paisagens acidentadas, pitorescas vilas de pescadores e castelos medievais.”

“Fico sempre nos chalés do Kinloch Lodge, onde a comida maravilhosa e as belas paisagens dão o tom. Kinloch é o lar ancestral do clã McDowell, família que toca o hotel como uma grande casa de campo, com o melhor da vida escocesa. E o restaurante Three Chimneys, na mesma ilha de Skye, é um daqueles segredos bem-guardados, com pratos da cozinha nórdica e da alta culinária escocesa em um ambiente de charme. É também pousada.”

Virando a bússola, Simon aponta para as Islas Secas, no Panamá, um resort ultra exclusivo em um trecho selvagem da costa do Pacífico. Para ele, “mais parece uma versão de paraíso perdido com tudo de bom para viagens pós-pandemia”. Na sequência, roda o globo terrestre de novo e aponta para Nihi, na Indonésia, um resort só de villas na ilha de Sumba, a uma hora de Bali, eleito o terceiro melhor hotel da Ásia em 2021 pela “Travel and Leisure”. “Você pode andar a cavalo na praia, surfar, conhecer os projetos sustentáveis da comunidade, provar a culinária local e aproveitar a vibe relax da Indonésia.”

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Nihi Sumba, Indonésia

• ILHAS MARQUESAS

Nascida na Guiana Francesa, Caroline Putnoki é diretora geral da Atout France para a América do Sul e tem fortes inclinações pela Amazônia e pela Polinésia Francesa. Très française, ela adora todas as nuances da viagem – savoir faire, cultura culinária, moda e, é claro, os destinos.

Ela vai longe em sua indicação, lá onde o tempo está imóvel, lembrando Jacques Brel ao cantar as ilhas Marquesas: “Le temps s immobilise aux Marquises”. À beira do mundo, 1.500 quilômetros a nordeste do Taiti, Caroline diz que “as Marquesas são embaladas por histórias ancestrais e pelo galope de cavalos selvagens. Além de paisagens exuberantes, o arquipélago polinésio tem uma cultura fascinante e tradições autênticas”. São ilhas pouco conhecidas e que foram “um refúgio para artistas talentosos como Jacques Brel e Paul Gauguin, onde encontraram inspiração e viveram seus últimos anos”.

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Ilhas Marquesas

É nessa beirada do mundo que indica o Festival de Artes das Ilhas Marquesas, realizado somente a cada quatro anos, alternadamente, em uma das seis ilhas habitadas. O próximo encontro dos povos e culturas polinésias será realizado em dezembro deste ano e, segundo Caroline, “promete uma imersão no ritmo das canções e danças polinésias, encontros com os habitantes, degustações culinárias e demonstrações de habilidades tradicionais, como tatuagens e artesanato”.

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• SUÍÇA, DE TREM LENTO, POR 290 PONTES

Diplomata suíço recém-chegado ao Brasil, Fabien Clerc não apenas domina o nosso idioma (e outros sete!), como também revela uma conexão afetiva com nosso país. Com passagens por Tóquio, Kobi e Genebra no World Economic Forum, entre outros, ele é diretor de turismo e cônsul da Suíça no Brasil e revela uma das rotas mais bacanas do seu multifacetado país, que não para de elevar o conceito de hotelaria e hospitalidade.

“A Suíça reúne belezas naturais espetaculares, uma riqueza de tesouros culturais, excelente comida e vinho e alguns dos melhores hotéis e resorts do mundo. Estamos de braços abertos para todos os brasileiros que desejam descobrir um país seguro, organizado e com grande diversidade.” O lance certeiro para Fabien é embarcar no Glacier Express Excellence Class, único trem com três classes na Suíça.

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Glacier Express Excellence Class, na Suíça

“O Glacier Express é um fantástico trem panorâmico que conecta Zermatt e St. Moritz (ou vice-versa) com paisagens de tirar o fôlego. Curiosamente, é conhecido também como o trem expresso mais lento do mundo, com a viagem durando oito horas. Na Excellence Class, o passageiro é recebido em tapete vermelho e com uma taça de champagne pelo concierge da cabine. O interessante é que todos os assentos são na janela, as poltronas são individuais e ficam uma de frente para a outra. A decoração é luxuosa e a cabine conta com bar exclusivo. No menu, uma refeição de cinco pratos regionais acompanhados por taças de vinho.”

Fabien detalha que o passeio passa por 290 pontes e 91 túneis em regiões altas, com mais de 2 mil metros de altura. “É indescritível ver o dia passar vendo as belas paisagens suíças combinadas ao conforto da Excellence Class”, garante.

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• FAZENDA TRIJUNÇÃO

Simone Scorsato, CEO da Brazilian Luxury Travel Association (BLTA), turismóloga e especialista em Brasil, percorre o país na rota dos 41 hotéis e cinco operadoras que fazem parte da associação, ligados pela autenticidade e luxo sustentável. Ela não tem dúvida de que seu destino incomum e pouco usual no Brasil é a Fazenda Trijunção, com pousada de mesmo nome, localizada entre Goiás, Minas Gerais e, em maior área, na Bahia. “Ela nasceu com o propósito de apresentar aos viajantes a importância do segundo maior bioma do Brasil, o Cerrado.”

Simone diz que o local é muito bacana “por estar encravado no meio do sertão do Brasil, rodeado de um verde que se entrelaça, onde podemos reconhecer plantas medicinais, pisar no solo de areia branca e fina como nas melhores praias do mundo e se reconectar com a poesia de Guimarães Rosa”. Aliás, a área da Fazenda Trijunção se une com a do Parque Nacional Grande Sertão Veredas. Um lugar que precisa ser poeticamente descoberto!

Arquivo pessoal

Fazenda Trijunção, no Cerrado

Além da pousada, com chalés extremamente confortáveis e luxuoso design contemporâneo, Simone destaca o projeto conservacionista da fazenda, numa área de 33 mil hectares com várias RPPNs – Reservas Particulares do Patrimônio Natural, e lembra que o Cerrado precisa urgentemente ser preservado diante da ameaça representada por grandes áreas agrícolas e de pecuária, além dos incêndios frequentes.

Para ela, a incursão em busca do lobo-guará é uma das atrações (“ver a elegância do animal de patas longas e ‘botas pretas’ desfilando em meio ao Cerrado é indescritível”). E da fogueira de chão na pousada saem os pratos “que podem ser degustados nas noites estreladas ao som de música regional, que nos remete novamente a Guimarães Rosa: “Sertão. Sabe o senhor: sertão é onde o pensamento da gente se forma mais forte do que o poder do lugar”.

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