Desde que a Rússia atacou a Ucrânia, no início da semana passada, equipes esportivas, ligas e torneios que envolvam patrocinadores ou anfitriões russos começaram a rever seus relacionamentos com as equipes do país.
O time de futebol britânico Manchester United anunciou planos de cancelar seu acordo de patrocínio de £ 40 milhões (cerca de R$ 275 milhões) com a Aeroflot, a companhia aérea russa que também está proibida pelo governo do Reino Unido de voar em seu espaço aéreo.
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Na Alemanha, o time de futebol FC Schalke 04 está removendo o logo da gigante petrolífera russa Gazprom de suas camisas. E o tablóide alemão Bild não mostrará mais o logotipo da empresa nas fotos em que aparecerem camisas do Schalke, substituindo-o pela frase “Liberdade pela Ucrânia”. A UEFA Champions League está considerando terminar um acordo de patrocínio com a Gazprom e já anunciou planos para transferir a sua final em maio de São Petersburgo para Paris.
Patrocínios corporativos em esportes costumam ser ativos importantes para anunciantes e grandes geradores de receita para organizações. Mas quando se trata de um conflito internacional, as apostas são muito maiores do que dinheiro, já que empresas e instituições procuram rapidamente se distanciar da Rússia, apoiar a Ucrânia e evitar sanções iminentes.
Esportes, política e marcas estão cada vez mais “em rota de colisão frontal”, diz o analista de marketing da Forrester, Dipanjan Chatterjee. Ele também fez referência ao silêncio recente dos patrocinadores olímpicos na China e às respostas vagas dos patrocinadores de Novak Djokovic depois que a estrela do tênis foi removida da competição da Austrália por não apresentar comprovante de vacinação contra a Covid-19.
“Quando as marcas são colocadas no holofote e forçadas a tomar uma posição, elas fazem isso de duas maneiras: a primeira, e mais fácil, é agir com base em um valor central”, diz Chatterjee. “Outros devem descobrir por si mesmos o que gerará uma resposta e o que cairá em silêncio. É provável que a maioria delas considere um ato de violência militar como uma clara violação normativa, então é provável que se manifestem contra isso.”
Antes da corrida de pré-temporada do Circuito da Catalunha da última sexta-feira (25), em Barcelona, a equipe de Fórmula 1 dos EUA Haas anunciou que seus carros serão brancos e não apresentarão as cores usuais da bandeira russa ou o logotipo de seu patrocinador principal, Uralkali. No entanto, um porta-voz se recusou a comentar, além de confirmar que o piloto da equipe, Nikita Mazepin – filho do bilionário russo Dmitry Mazepin – continuaria a participar.
Outras competições esportivas também estão saindo da Rússia. O ATP Tour cancelou seu torneio de tênis em Moscou, e o time de hóquei finlandês Jokerit Helsinki está deixando a liga russa de hóquei KHL. A Fórmula 1 também cancelou o Grande Prêmio da Rússia em Sochi, que estava marcado para setembro.
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“Enquanto a maioria das ligas e equipes esportivas internacionais preferem evitar a política partidária em seu processo de governança, a segurança dos atletas e a segurança dos eventos superam essas aversões”, diz Andrew Frank, analista de marketing do Gartner. “Há também um desejo claro de evitar ser chamado de ponto fora da curva, quando a opinião pública está se movendo rapidamente em favor do ativismo. Acredito que o impacto coletivo dessas decisões na conscientização e indignação entre a população é um fator significativo nas relações públicas”.
Agora também há dúvidas sobre o que acontecerá com as empresas e equipes dos EUA que já têm parcerias com empresas russas. A Liga Nacional de Hóquei recentemente anunciou dois acordos: um com a empresa de apostas esportivas Liga Stavok como o seu primeiro parceiro exclusivo na Rússia e outro com o gigante russo de buscas Yandex como parceiro de transmissão russo da liga.
Quando questionada pela Forbes sobre o status dos negócios, a NHL não respondeu a vários pedidos de comentários. E, no mundo da tecnologia, a divisão de jogos da HP Inc., HyperX, anunciou no início deste mês que patrocinaria o time de futebol russo Spartak Moscou. Um porta-voz se recusou a detalhar se o conflito afetará o acordo.
“Temos patrocínios de jogos em todo o mundo para reunir as pessoas em torno do esporte”, disse o porta-voz da HyperX, Mark Tekunoff, em comunicado na noite da última sexta-feira (25). “No momento, nosso foco é apoiar nossos funcionários, parceiros e seus entes queridos que possam estar em perigo. Estamos analisando de perto os requisitos do governo dos EUA para qualquer impacto que possa ter na atividade na região.”
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PARTICIPAÇÃO RUSSA NAS COMPETIÇÕES
Além de patrocínios e acordos comerciais no mundo dos esportes, os times russos também estão sendo banidos de torneios internacionais. O mais recente aconteceu hoje (28), quando a Fifa e a Uefa suspenderam as seleções e clubes da Rússia de todas as competições até novo aviso, devido à invasão da Ucrânia.
Assim, a Rússia está fora da Copa do Mundo de 2022, no Catar, assim como os times russos serão excluídos de torneios como Liga dos Campeões, Liga Europa e Liga Conferência.
“O futebol está em total solidariedade com todas as pessoas afetadas na Ucrânia. Ambos os presidentes esperam que a situação na Ucrânia melhore de forma significativa e rápida para que o futebol possa novamente ser um vetor de unidade e paz”, informou o comunicado em conjunto das duas organizações futebolísticas. (Com Reuters)
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