O Mercado Livre obteve resultados fortes no quarto trimestre, apesar de seguir em desaceleração, uma vez que o maior portal de comércio eletrônico da América Latina manteve esforços no engajamento das dezenas de milhões de usuários conquistados durante a pandemia e em obter fontes extras de receita para gradual rentabilização do negócio.
A empresa anunciou ontem que sua receita líquida somou U$ 2,1 bilhões no quarto trimestre, alta de 60,5% sobre um ano antes. Em moedas locais, a expansão foi de 73,9%. No Brasil, que representa 53% do faturamento da empresa, o avanço foi de 56% em dólares e de 62,4% em reais.
Um ano antes, na esteira do crescimento explosivo das operações digitais na América Latina ocorrido por medidas de isolamento social, a receita da companhia com sede na Argentina tinha praticamente dobrado em dólar.
A desaceleração da receita refletiu um crescimento mais gradual tanto de novos clientes, quanto das vendas. A base de usuários únicos ativos somou 82,2 milhões no fim de 2021, 11,1% maior em 12 meses, após ter disparado 74% no ano anterior.
E o volume de vendas (GMV) de outubro a dezembro aumentou 21,2% em dólar (32,2% em moedas locais), atingiu U$ 8 bilhões, após um salto de 70% um ano antes.
“Crescer nessa intensidade sobre uma base de comparação tão forte foi muito positivo”, disse à Reuters o vice-presidente de estratégia, desenvolvimento e relações com investidores do Mercado Livre, André Chaves, destacando que a companhia ganhou participação de mercado, com base em métricas internas.
Segundo ele, o crescimento do negócio segue como prioridade da empresa, o que deve implicar novos investimentos em logística no Brasil e em mercados como México e Chile em 2022, assim como na operação de novas aeronaves dedicadas.
Por segmentos, o Mercado Livre deve mirar vendas de supermercados, dada a leitura de que o ambiente macroeconômico com inflação alta e juros em elevação deve levar consumidores a concentrar gastos em artigos mais básicos, em detrimento de produtos como eletrônicos. É uma tendência que os principais marketplaces do país já estão explorando, como a Americanas.
“E a tendência é o consumidor procurar mais as compras online, onde pode conseguir melhores preços”, disse Chaves.
Outro foco do grupo será nos negócios financeiros, liderados pelo Mercado Pago, que registrou um avanço de 52,1% no volume de pagamentos no quarto trimestre, para U$ 24,2 bilhões. Em moedas locais, a expansão foi de 72,8%.
Além de ampliar a oferta de produtos como seguros e crédito — o volume de empréstimos fechou 2021 em U$ 1,7 bilhão, mais do que o triplo em um ano –, a companhia planeja oferecer mais tipos de investimentos ligados a criptomoedas, segmento no qual estreou no Brasil em dezembro.
Segundo Chaves, mesmo ainda priorizando o crescimento da base, o Mercado Livre está evoluindo gradualmente os níveis de rentabilização do negócio, como a melhora da margem Ebit.
De outubro a dezembro, o Mercado Livre teve prejuízo de U$ 46,1 milhões, ante prejuízo de 50,6 milhões um ano antes.
NOVOS CENTROS
O grupo revelou à Reuters a inauguração de quatro novos centros de distribuição no Brasil, todos em São Paulo ao longo de 2022. Um, no bairro paulistano de Perus, já começou a operar, enquanto dois em Barueri, na região metropolitana; e outro em Araçariguama (SP) vão ser abertos nos próximos meses.
Segundo a companhia, os novos centros aumentarão em mais de 1 milhão de pacotes sua capacidade logística diária, dobrando o potencial de entregas de encomendas no país.
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