A ivermectina, um medicamento antiparasitário usado pelo ex-presidente dos EUA Donald Trump para tratar a Covid-19 e promovido por alguns legisladores republicanos, não faz nada para impedir que a doença progrida, de acordo com um estudo da Malásia publicado ontem (18) pelo “Journal of the American Medical Association”, confirmando estudos anteriores sugerindo que a ivermectina não previne ou trata efetivamente a doença.
Pontos principais
Os pesquisadores deram a 241 pacientes de alto risco com Covid-19 leve ou moderada um tratamento de cinco dias com ivermectina oral durante a primeira semana da doença, mas descobriram que isso não reduziu o risco de doença grave em comparação com 249 pacientes semelhantes que não receberam a droga.
O estudo foi realizado em 20 hospitais públicos e um centro de quarentena para Covid-19 e foi aberto a pacientes de 50 anos ou mais com comorbidades, Covid confirmada em laboratório e doença leve a moderada, de acordo com o estudo.
Para testar a eficácia do medicamento, o estudo mediu a proporção de pacientes que evoluíram para a necessidade de oxigênio suplementar para manter os níveis de oxigênio no sangue de 95% ou mais, bem como as taxas de ventilação mecânica, entrada na UTI e outros efeitos adversos.
Os resultados mostraram que 21,6% dos pacientes do grupo que recebeu ivermectina evoluíram para doença grave, enquanto 17,3% dos pacientes do grupo controle acabaram ficando mais graves e “sem diferenças significativas” entre os grupos em relação aos demais desfechos.
O estudo reforçou as descobertas de ensaios clínicos de 2021 na Colômbia e na Argentina, que determinaram provisoriamente que a ivermectina não tem um efeito significativo nos sintomas ou nas taxas de hospitalização entre pessoas com Covid.
O estudo JAMA coletou dados de um total de 490 pacientes de 31 de maio a 25 de outubro.
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Contexto sobre a ivermectina
A ivermectina é um medicamento barato e amplamente disponível usado no tratamento de infecções parasitárias em humanos, como vermes intestinais ou piolhos. Uma forma diferente de ivermectina é usada para tratar animais como cavalos e vacas para parasitas. Alguns estudos iniciais sugeriram que a ivermectina podia tratar ou prevenir o Covid, embora os pesquisadores mais tarde tenham descoberto que muitos desses estudos tinham deficiências metodológicas.
A FDA (Food and Drug Administration, agência dos EUA para regulamentação de medicamentos e alimentos) não aprovou a ivermectina para tratar Covid-19 em pessoas ou animais e alerta que as doses concentradas formuladas para animais podem ser perigosas para humanos, possivelmente causando náusea, pressão baixa, tontura, perda de equilíbrio, convulsões, coma ou morte. A ivermectina também pode causar efeitos colaterais se tomada juntamente com outros medicamentos.
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No entanto, estados como Colorado, Flórida, New Hampshire, Pensilvânia apresentaram projetos de lei para impedir ações contra profissionais médicos que prescrevem ivermectina. Em agosto, o senador republicano do Kentucky Rand Paul afirmou que os pesquisadores federais não dariam uma chance justa à ivermectina por causa do “ódio” por Trump.
“A droga não funciona contra o Covid – ponto final”, disse o Dr. Michael Saag, professor de medicina e doenças infecciosas da Universidade do Alabama em Birmingham, ao jornal inglês “Guardian” em janeiro. “Existem inúmeros estudos – ensaios clínicos randomizados e bem conduzidos – que não mostram nenhum benefício, então por que você iria querer usar um medicamento que não funciona?”
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