A indústria brasileira de games vem registrando números recordes. No ano passado, as exportações de jogos desenvolvidos aqui cresceram 600% representadas por um total de 140 empresas participantes do projeto Brazil Games. A iniciativa é da APEX e a Associação Brasileira das Desenvolvedoras de Jogos Eletrônicos (Abragames). No total, a receita ultrapassou US$ 2 bilhões.
Rodrigo Terra, presidente da Abragames e cofundador da ARVORE Immersive Experiences, explica que a iniciativa visa capacitar empresas para exportar produtos de forma segura e inserir empresários brasileiros no cenário internacional de produção de jogos. “O mercado de games tem natureza 100% exportadora, isto é, seu formato digital tem potencial para que os serviços e produtos sejam facilmente distribuídos. Através de nossas ações e da qualidade da mão de obra brasileira, os produtos e serviços de games do Brasil estão presentes em 95% dos países de todo o mundo”, diz Terra.
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“Games trabalham com criação de mundo. E o metaverso é a evolução disso, em que as ferramentas da tecnologia são usadas para se viver em outras realidades, que não sejam só esta física como conhecemos. Com o grande potencial que temos em nossos serviços de desenvolvimento de jogos, tenho certeza da competência e a tecnologia necessárias para tornar o Brasil um dos principais atores criativos do metaverso”, pontua Terra que, em entrevista, dá um contexto do crescimento e do atual momento do ecossistema de games do Brasil.
Forbes Brasil: A indústria brasileira de games já tinha esse histórico de organização?
Rodrigo Terra: O programa tem quase 10 anos e ele ajuda na reorganização da indústria por meio de uma iniciativa da Apex e Abragames. Ele foi fundamental para fomentar o que temos hoje como setor e essencial para dar visibilidade ao mercado de desenvolvimento de jogos. Sobretudo no cenário internacional. Um grande desafio das desenvolvedoras brasileiras, no passado, era acessar a esse mercado lá fora, e o programa nasceu para resolver isso.
F: Como que esse programa contribuiu para a ascensão de empresas como a Wildlife, o primeiro unicórnio brasileiro de games?
RT: As desenvolvedoras brasileiras usaram e usam o programa para acessar mercados. Claro que a Wildlife teve sua trajetória, mas outros estúdios devem parte do sucesso a programas como esse. O mais importante é que essa iniciativa não é de momento, ela tem uma característica de continuidade e incentivo a criação de novos estúdios. Não só o meio da pirâmide, mas também a base.
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F: De forma prática, o que o Brasil representa no mundo em relação ao tamanho e proporção dessa indústria?
RT: Nosso país ocupa a décima terceira posição em termos de desenvolvimento do mercado de jogos. Ainda existe muita estrada a ser trilhada em termos de ecossistema. O Brasil é o maior produtor de jogos da América Latina. Representa não só a região, mas a potência em entrega de jogos, tanto para entretenimento como para outras indústrias. Vale lembrar, inclusive, que games não representam apenas entretenimento. Existem outras aplicações como educação, treinamento e até mesmo saúde que, inclusive, faz com que sejamos o quinto país em consumo de jogos do mundo.
F: Qual o papel do ecossistema de games para a economia criativa?
RT: Uma indústria estratégica que posiciona o Brasil em trilha de inovação, ocupação de territórios culturais, como ativo de exportação, sem ser o clichê ou aquilo que estamos acostumados a ver em exportações. Os jogos brasileiros trazem uma outra ótica para o mercado global. Isso é muito importante não só no território cultural, mas em investimento na área de inovação e tecnologia.
F: Por que com todo esse potencial nós só temos, por enquanto, um unicórnio de games no Brasil?
RT: Apesar de todos esses contextos, a indústria é muito nova. Na década de 1980 ou 1990 não existia um incentivo para a formação de um ecossistema. Ele nasceu sozinho no Brasil, os empreendedores criavam os estúdios a despeito do momento da economia ou com fomento e apoio ou não, ou seja, ele cresceu de forma orgânica e se estruturou para seguir esse caminho. De fato, ter um unicórnio hoje ainda é muito pouco. Vale lembrar que esse unicórnio é único na América Latina também.
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