As unidades produtoras de etanol do centro-sul comercializaram um total de 1,76 bilhão de litros em janeiro, queda de 32,39% em relação ao mesmo período do ano anterior, informou nesta segunda-feira (14) a associação Unica, com o setor citando queda no consumo, enquanto apenas uma pequena parte dos preços menores do combustível nas usinas chegou aos postos.
No mercado interno, as vendas de etanol hidratado (concorrente da gasolina) acentuaram a retração observada nos últimos meses e alcançaram 918,85 milhões de litros no mês passado, queda de 44,45% sobre o mesmo período da última safra.
A quantidade comercializada de etanol anidro (misturado à gasolina) reverteu a trajetória ascendente e registrou redução de 2,02%, com 794,82 milhões de litros vendidos pelos produtores em janeiro, segundo números da associação.
Para o diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), Antonio de Padua Rodrigues, “o que tem sido observado nas vendas de biocombustível por parte dos produtores está em linha com a queda no consumo de combustíveis do ciclo Otto”.
Ele disse que, como resultado do atual balanço de oferta e demanda do etanol hidratado, os preços recebidos pelos produtores já apresentaram recuo próximo de 1,05 real por litro desde novembro, mas essa queda ainda não chegou ao consumidor, o que limita a demanda.
Na última semana, o Cepea registrou média na usina em São Paulo de 2,8383 real por litro de etanol hidratado, menor valor desde julho do ano passado.
Segundo Padua, “a expectativa é de que esse recuo (na usina) seja integralmente repassado aos consumidores finais pelos demais elos da cadeia de comercialização”.
Na média Brasil, o preço de etanol hidratado na bomba variou pouco entre dezembro e janeiro, de 5,141 reais por litro para 5,038 reais, ou queda de cerca de 2%, segundo pesquisa da reguladora ANP. Em fevereiro, a queda se acentuou para 4,850 reais por litro (-3,7% ante janeiro).
Do total comercializado em janeiro, 52,26 milhões de litros foram destinados para o mercado externo e 1,71 bilhão de litros vendidos domesticamente.
A Unica informou ainda que não houve moagem de cana no centro-sul do Brasil na segunda quinzena de janeiro, o que havia acontecido recentemente em outras quinzenas nesta entressafra, após uma quebra acentuada da safra por problemas de seca e geadas. Enquanto isso, o setor tem comercializado principalmente seus estoques.
Com a queda na comercialização de etanol, aumentam as questões do mercado se a indústria poderia eventualmente aumentar a destinação da matéria-prima para a produção de açúcar, em vez de etanol, à medida que a nova safra se inicie no centro-sul, oficialmente a partir de abril.
Mais cana para a produção de açúcar no maior produtor global do adoçante tende a pressionar os preços globais da commodity.
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