Nos últimos dois anos, você contratou alguém que mora em outra cidade? Algum(a) colaborador(a) vive em outro lugar, longe do escritório da empresa? Mais ainda: existem pessoas contratadas fora do Brasil?
Se a sua resposta foi “sim” — e arrisco dizer que essa chance é grande —, então preciso contar que aprender a fazer gestão no modelo híbrido não é algo sem importância, temporário, uma preocupação passageira. Esta é uma habilidade que a maioria das lideranças vai precisar desenvolver daqui para frente.
Com as idas e vindas da pandemia e com a contratação no modelo anywhere office, o híbrido passa do status de temporário, como um “remédio” para a pandemia, para uma realidade permanente.
E se uma equipe tem pelo menos um colaborador(a) que não está no escritório, então, esse time está operando no modelo híbrido — e o(a) gestor(a) precisa se adequar a esse modelo, mesmo que a própria liderança esteja trabalhando no escritório.
Essa é a realidade tanto do Grupo Cia de Talentos quanto do Bettha.com, startup do grupo focada em educação e carreira. Atualmente, 19% dos talentos da empresa e 32% da edtech estão atuando fora de São Paulo, onde fica o escritório dos dois negócios.
Hoje, temos profissionais no Rio de Janeiro, Porto Alegre e Caxias do Sul, por exemplo, o que nos trouxe a oportunidade de diversificar ainda mais a composição dos nossos times e a ampliar a nossa visão sobre o mundo do trabalho pelo Brasil.
No entanto, para fazer esse movimento, é necessário tomar alguns cuidados e preparar a liderança para que ela consiga fazer uma gestão equilibrada, sem favorecer aqueles que estão no presencial e deixar de lado os que estão longe. É uma situação desafiadora, mas, acredite, também é muito compensadora!
Abaixo, seguem algumas dicas que podem apoiar essa mudança:
1. Fortaleça a cultura organizacional
Afinal, é importante garantir que, independentemente da localização no mapa, todos os colaboradores “falem a mesma língua”. Ou seja, que a missão, visão e valores corporativos estejam claros e que eles sirvam de norte para o dia a dia das atividades, sejam elas presenciais ou remotas. Isso ajuda a fortalecer o DNA da empresa e o trabalho a fluir de forma mais eficiente, já que os colaboradores estão unidos em torno de um propósito e sabem como agir em cada situação. Mas, para tudo isso acontecer, vale estar atento à segunda dica.
2. Invista na comunicação transparente e constante
Um dos papéis da liderança é justamente transmitir e perpetuar a cultura da organização. Para ser esse “embaixador da cultura” e manter a equipe informada sobre as questões da empresa, vale dar uma atenção especial à comunicação. Isso inclui reuniões, mas também conversas individualizadas com as pessoas do time, troca de informações em tempo real por meio de ferramentas como Teams e Slack, formalizações por e-mail e outros recursos tecnológicos que ajudam a aproximar os talentos espalhados pelo Brasil — ou pelo mundo! É importante saber utilizar meios diferentes para necessidades de comunicação diferentes. E não se engane: essa não é uma função só do RH, cabe ao líder ser um bom comunicador.
3. Não se prenda a horários
A rotina das pessoas sempre foi diferente uma das outras, a questão é que agora, no modelo híbrido, é possível adaptar os horários a essas particularidades. Para que isso funcione, no entanto, é importante conversar e fazer combinados com a equipe. O foco aqui é na entrega e não mais na jornada tradicional das 9h às 18h, o que significa que é necessário estabelecer metas e prazos, acompanhando — e não vigiando — a progressão das atividades.
4. Saiba delegar
Se isso já era recomendado no trabalho presencial, se tornou fundamental no novo modelo. Não adianta centralizar todas as atividades ou querer ter o controle absoluto de tudo, isso apenas trará frustração para a equipe, prejudicará o ritmo das entregas e ainda deixará a liderança sobrecarregada. Aprenda a compartilhar funções, explique como elas contribuem com a estratégia da empresa, organize um fluxo de trabalho para a operação fluir e reforce tudo isso com a sexta dica.
5. Crie um ambiente de confiança
Uma das grandes preocupações de algumas empresas no começo da pandemia era saber se o colaborador estava trabalhando. Só que, para o modelo híbrido funcionar de verdade, esse tipo de pensamento precisa ficar para trás. Ou você confia, ou você confia. Não tem outro jeito! Pedir para os colaboradores trabalharem com a câmera ligada e checar a cada minuto o que eles estão fazendo não vai garantir um bom resultado. Pelo contrário! São atitudes que geram pressão, desconfiança e, portanto, um ambiente de trabalho pouco saudável. Se a cultura da empresa é disseminada, se a comunicação é transparente, se o foco é na entrega e não no horário, se as metas e prazos são acompanhados, então, agora, é confiar!
E uma dica final:
Além disso tudo, algo fundamental para se ter em mente é: seja flexível! Claro, a flexibilidade está presente em todas as outras dicas, mas quero reforçar a sua importância dando um exemplo de como ela contribuiu para aproximar ainda mais as pessoas no Grupo Cia de Talentos.
É que, no fim do ano, nós tínhamos o desafio de organizar uma confraternização para os colaboradores espalhados por todos os cantos do Brasil, mas não sabíamos qual seria o melhor formato. Por isso, fizemos uma pesquisa para avaliar qual modelo de festa (presencial ou remoto) os nossos talentos preferiam.
A grande maioria queria se ver pessoalmente, porém alguns tinham optado pelo virtual — ou porque não conseguiriam se deslocar até São Paulo ou porque ainda não se sentiam à vontade para encontrar as pessoas. A solução foi organizar duas festas, uma em um espaço aberto e bem arejado e outra virtual, tomando cuidado para que as duas proporcionassem bons momentos.
Então, se no presencial teve comes e bebes, na versão à distância as pessoas receberam um voucher para pedir delivery. Se no ambiente físico aconteceu essa interação mais espontânea entre os colegas, no virtual organizamos atividades para promover essa integração.
No fim, tivemos duas comemorações com formatos diferentes, mas ambas com muita animação e interação! Nada disso seria possível se a empresa não tivesse a sensibilidade de escutar as pessoas e de flexibilizar processos nesse modelo de trabalho que não é modismo, mas, sim, um estilo que veio para ficar.
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