Sobre se conhecer

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Há varias formas de alcançar o autoconhecimento, desde terapia à escrita ou momentos de conexão com a natureza

Se hoje me perguntarem uma tendência pros próximos anos, eu resumiria em uma palavra: AUTOCONHECIMENTO

Sem olhar para dentro, não existe como olhar para fora. 

Em tempos de Instagram, onde todos tem opinião na ponta da língua sobre tudo e todos percebo o quanto falta se conhecer antes de conhecer o outro. O quanto muitas vezes nossa ideia sobre o outro diz muito mais a respeito de nós mesmos do que sobre o outro. A verdade é que nossa tendência é enxergarmos o mundo como nós somos, e não como ele é. 

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Se por um lado vivemos uma revolução tecnológica em um curto espaço de tempo, por outro cresce nossa necessidade de viver no mundo real. De respirar, pausar, se conectar com a natureza. De parar de ouvir tanto barulho lá fora e observar mais o barulho aqui dentro. Nunca se falou tanto em saúde mental.  

A cada dia me convenço mais de que autoconhecimento não é um destino, ele é o próprio caminho. É um processo que não termina nunca. Olhar para si mesmo, encarar os próprios  fantasmas e conhecer-se parece fácil, mas a maior parte das pessoas, que poderia escrever uma biografia sobre o outro, não sabe nada de si. Não sabe reconhecer seus próprios sentimentos, fraquezas, qualidades, gatilhos, etc. Não sabe percebê-los, que dirá lidar com eles. 

É mais fácil passar uma vida na superfície, mergulhar muitas vezes dói. Crescer não é um processo indolor, tampouco amadurecer. Exige colocar o dedo em feridas, enxergar realidades que antes ficavam escondidas. Tirar aquela poeira que escondemos ali embaixo do tapete e sempre deixamos pra depois.  

Existem infinitos caminhos para o autoconhecimento: alguns vão pra terapia, outros embarcam em retiros espirituais e buscas por si mesmos, partem em longas jornadas ou acabam se descobrindo sem querer em momentos em que a vida exige mais de nós. Alguns encontram através da religião, outros se  dedicam a um hobby, meditam, viajam. Eu escrevo. 

Esse prazer começou como uma forma de desabafo. Em momentos tristes, em que não sabia o que dizer, eu sentava e escrevia cartas que nunca seriam enviadas. Talvez aqueles destinatários nunca sonhem que foram escritas. Outros talvez tenham me ouvido do céu. 

E toda vez que o sentimento me sufoca eu o deixo escapar através das palavras. Foi fluindo, e assim fui me conhecendo. Me tornei menos reativa, menos impulsiva, não me coloco no papel de vítima. Toda vez que surge um desafio ou algo que me tira do eixo, respiro e penso: tenho milhares de formas de reagir a isso, qual escolherei?  

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Hoje sei quem sou, mas como afirmei ali em cima, sigo caminhando e pra sempre caminharei em busca de mim mesma. Não sou a mesma de um ano atrás e sigo me apresentando  novamente a mim mesma de tempos em tempos. Mudam os gostos, muda o olhar, mudam as prioridades. 

E afirmo com toda certeza: fica mais simples. Fica mais leve. Quando a gente sabe de si, fica  mais fácil compreender o outro. Fica mais fácil se auto-analisar. Passa a ser mais sobre nós mesmos e menos sobre o outro. Assumimos responsabilidade pelas nossas ações e elas  deixam de ser apenas consequências da ação do outro. Assumimos as rédeas da nossa vida e  nasce uma vontade de ser melhor, enquanto diminui nossa necessidade da aprovação do outro. 

Não importa o caminho escolhido, mas se comprometa a buscar conhecer a pessoa mais importante da sua vida: você mesmo.

Paula Drumond Setubal é advogada, mãe de gêmeos e produtora de conteúdo.

Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião de Forbes Brasil e de seus editores.

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