A safra de soja do Brasil 2021/22 foi estimada hoje em 125,5 milhões de toneladas, de acordo com levantamento da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), que fez um corte de 15 milhões de toneladas ante a previsão divulgada em janeiro, quando a maior parte dos efeitos da seca no Sul ainda não tinha sido computada pela estatal.
Agora a Conab não vê mais uma produção recorde do maior produtor e exportador global de soja, passando a apontar uma redução de 9,2% ante o ciclo 2020/21, cuja safra foi revista para 138,15 milhões de toneladas, após ajuste de área plantada.
“Praticamente toda a região Sul e parte do Mato Grosso do Sul sofreram restrição hídrica severa em novembro e dezembro, além de altas temperaturas, que provocaram drástica queda de produtividade nas áreas”, disse a Conab em nota.
Consultorias privadas já tinham reportado números mais baixos do que a estatal nas últimas semanas. Agora a Conab está mais pessimista até mesmo em relação ao USDA (Departamento de Agricultura dos EUA), que projetou na véspera a produção em 134 milhões de toneladas.
Os dados de produtividades ficaram mais claros com o avanço da colheita, que havia atingido 12,3% da área até o final de janeiro, segundo a Conab.
“A consequência desta quebra é uma redução de oferta que, por consequência, gera uma redução de estimativa de esmagamentos e principalmente de exportações”, acrescentou.
No novo balanço de oferta e demanda, a Conab estima exportação de soja do Brasil em 2022 em 80,16 milhões de toneladas, queda de cerca 9 milhões ante projeção de janeiro e também abaixo do recorde do ciclo anterior (86,1 milhões de toneladas).
A previsão de consumo de soja do Brasil (incluindo uso para sementes) foi rebaixada para 48,8 milhões de toneladas, com redução de 3,4 milhões de toneladas no processamento ante previsão de janeiro, “principalmente pela diminuição da estimativa de exportações de óleo de soja que eram de 1,65 milhão de toneladas e passam para 1,1 milhão de toneladas”.
Aliás, disse a Conab, as indústrias esmagadoras, principalmente dos estados do Sul atingidos pela seca, devem importar um maior quantitativo de óleo de soja para suprir sua demanda em 2022. Por este motivo, as compras brasileiras passarão a 200 mil toneladas neste ano.
Já a importação do grão pelo Brasil deve ficar em torno de 900 mil toneladas, ante 863,7 mil no ciclo anterior.
Com o corte na soja, a produção total de grãos e oleaginosas do Brasil em 2021/22 agora está prevista em 268,2 milhões de toneladas, mas com potencial de superar as 255,4 milhões da temporada passada, principalmente por uma esperada recuperação no chamado milho safrinha, plantado após a oleaginosa e que representa entre 70% e 75% da produção num ano.
Milho ainda recorde
No caso do cereal, cuja safra de verão também foi afetada pelas perdas, a Conab ainda projeta um recorde para a colheita total, na expectativa de um forte crescimento na produção de inverno (segunda safra), que responde pela maior parte do volume brasileiro.
A safra total de milho do Brasil 2021/22 foi estimada em 112,3 milhões de toneladas, com ligeira redução ante a previsão anterior (112,9 milhões) e aumento de 29% ante ciclo 2020/21, quando as lavouras foram atingidas por seca e geadas.
A Conab prevê exportação de milho do Brasil 2021/22 em 35 milhões de toneladas, ante 36,68 milhões de toneladas na previsão anterior, mas com um salto na comparação com a temporada passada (20,9 milhões).
A importação de milho pelo Brasil em 2021/22 está estimada em 1,7 milhão de toneladas, ante 1,3 milhão na previsão de janeiro, mas abaixo das quase 3 milhões de toneladas do ciclo passado.
A safra de algodão do país foi projetada em 2,7 milhões de toneladas (pluma), estável ante previsão anterior, com alta de 15% ante ciclo anterior.
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