As cinco estrelas no Forbes Travel Guide não são à toa – como também não é uma coincidência o Las Ventanas Al Paraiso, a Rosewood Resort receber essa premiação por quatro anos consecutivos a partir de 2016. Na desértica ponta da Baja California (oeste do México), em Los Cabos, entre Cabo San Lucas e San José del Cabo, de frente para o Mar de Cortez, esta hospedagem tão acostumada a prêmios internacionais e listas de paraísos terrestres tem um problema que você nota logo no primeiro dia: é muito difícil sair das dependências do hotel, por mais estonteantes que sejam os arredores.
A “culpa” é da qualidade do serviço, do conforto das suítes com vistas espetaculares, do bem-estar proporcionado pela arquitetura e pela arte que completam o cenário cinematográfico no extremo sul da península de quase 1.300 quilômetros de comprimento – sem contar o sem-fim de possibilidades deliciosas entre drinques do Tequila & Ceviche Bar (150 das melhores tequilas do México) e menu inspirado na culinária de Oaxaca do novo restaurante Alebrije (onde antes funcionava o The Restaurant).
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Se desejar se aprofundar nos sabores e nas histórias da tequila, aproveite a aula Tequila Sign: um especialista no assunto conduz uma degustação às cegas, com diferentes blancos, reposados, anejos e mescais. Ainda no tema drinques e coquetéis, no ano passado foi inaugurado o bar speakeasy La Botica, com bebidas exclusivas criadas por renomados mixologistas.
O ambiente mais elegante do hotel atende pelo nome de Arbol, inaugurado em 2018, com uma cozinha costeira assinada pelo chef Anand Singh. Nascido em Mumbai, na costa oeste da Índia, Anand investiu mais de dez anos afinando suas receitas com ingredientes vindos do mar em Maldivas, Seychelles e Emirados Árabes Unidos. O resultado são peixes crus e frutos do mar preparados sob influência indiana com temperos do Extremo Oriente.
A piscina de borda infinita é um capítulo à parte – e, se você tiver dificuldade para sair até da piscina, recorra ao Sea Grill, bar que serve grelhados e tapas na praia e nos banquinhos submersos da piscina. A passagem do dia na piscina pinta o mar e as dependências do hotel de diferentes cores conforme o sol rasga o céu azul.
Baleias à vista
O deleite neste oásis no deserto ganha contornos únicos quando se ouve o som de uma grande concha ecoando pelas dependências do resort. Trata-se do sinal que avisa aos hóspedes que o Las Ventanas está recebendo a visita ilustre de baleias. Isso pode ocorrer no outono/inverno, quando elas escapam das águas frias do Alasca rumo à vida boa ao longo da península, onde devem ganhar seus bebês, e no final do inverno, quando voltam para casa com a família ampliada.
Na temporada de baleias de dezembro a março, binóculos Minolta EZ 10X50 ficam pendurados em suportes estrategicamente espalhados pelo hotel. A concha – instrumento de sopro pré-hispânico – funcionava como uma espécie de telefone entre os povos indígenas. Está aí mais um motivo para você seguir no hotel: nem precisa se mexer muito e as baleias podem dar o ar da graça e fazer uma apresentação de balé que você jamais esquecerá na vida.
O sucesso do Las Ventanas só cresce desde sua inauguração em 1997, quando os norte-americanos da Califórnia perceberam o quanto era fácil acessar o local em curtos voos particulares. Desde então, o hotel se renova e segue surpreendendo seus fãs de carteirinha. Hoje, são 84 suítes e 12 Signature Villas – mini mansões com mais de 200 metros quadrados atendidas por um mordomo exclusivo. A suíte vedete do local (e são apenas duas) chama-se Ty Warner Mansion e tem 2.600 metros quadrados. O mobiliário traz trabalhos exclusivos de artesãos mexicanos, com móveis de madeira esculpidos à mão e cabeceiras de mosaicos de azulejos coloridos.
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Há também um “diretor de romance” dedicado a produzir surpresas movidas pela paixão: sem que seu acompanhante saiba, você pode organizar um caminho de pétalas de rosas que levará à cobertura aberta da sua suíte – sim, vocês terão as estrelas e a brisa do mar embalando a noite. Nas noites que preferir um teto sobre suas cabeças, é possível escolher o perfume que será exalado da lareira do quarto.
Depois do furacão
Em setembro de 2014, o furacão Odile atingiu Los Cabos. O atual managing director do hotel e VP regional do grupo Rosewood Resort, Frederic Vidal, havia chegado ao posto um mês antes. As Beach Cabanas e as Signature Villas estavam recém-inauguradas. A estrutura do hotel não foi impactada. Mesmo assim, houve uma renovação dos Las Ventanas Al Paraiso, sem perder as características essenciais, como o paisagismo. Dois anos depois, estava pronta a Ty Warner Mansion e, em 2017, os novos prédios de Residences, na parte mais alta do resort.
Durante o período que ficou fechado na pandemia, a equipe passou por treinamentos, e novas experiências entraram no cardápio de atividades – que já era para lá de especial. O que dizer dos tratamentos ao ar livre? No The Spa at Las Ventanas, em uma cabana no deserto, ingredientes locais farão toda a diferença – como a flor da lua (nativa da Baja Califórnia e que floresce à noite), abacaxi perfumado e mel.
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Para desfrutar o belíssimo mar em grande estilo, o iate de 58 pés do Las Ventanas pode te levar a um passeio privativo, com pôr de sol incluído. Sob a superfície, o espetáculo não é menor. É possível mergulhar de snorkel e de cilindro no Mar de Cortez e se deslumbrar com recifes de corais, peixes tropicais coloridos, cânions de oceano e velhos naufrágios. O trânsito submarino conta ainda com o vai e vem de tubarões-martelo e tartarugas. Quem prefere velejar e remar de caiaque também deve colecionar bons momentos na ponta da península.
Como se não bastasse, Los Cabos tem fama mundial como um dos melhores destinos de pesca esportiva – é conhecida como a Capital Mundial do Marlim. A melhor época para pesca vai de junho a setembro (para fisgar atum e dourado). Outubro é indicado para quem busca peixe-espada e marlim.
A gama de atividades inclui golfe, aulas de tênis, excursões no deserto, passeio a cavalo na praia e um cinema privativo montado na orla para você ver seus filmes favoritos com o som das ondas ao fundo.
Duas cidades opostas
Como eu disse, não é das tarefas mais fáceis sair desse mar de conforto e das atividades prazerosas propostas pelo resort. Mas, se você finalmente conseguir sair para passear, a dica é alugar um Mini Cooper e rodar pelos 33 quilômetros que separam as duas principais cidades da ponta de Los Cabos: San José del Cabo e Cabo San Lucas.
Elas têm perfis opostos. A primeira é devagar, quase parando: uma antiga missão jesuítica do século 18, com igreja e praça que parecem pintadas à mão, cercadas por restaurantes típicos e lojinhas de artesanato. A segunda é sinônimo de baladas, bares e clima de paquera no ar, com surfistas se concentrando nas praias de Acapulquito e Costa Azul. Playa Palmilla é mais recomendada para quem busca um banho de mar, enquanto Santa María é a base para a prática do mergulho.
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Ainda em San Lucas, bem no extremo sul da Baja California, está o principal cartão-postal da região, o monumento natural El Arco, fotografado à exaustão não só por causa da colônia de leões-marinhos, mas também pela plasticidade de seu crepúsculo. O arco rochoso sobre o mar separa o Golfo da Califórnia do Oceano Pacífico.
Por fim, na hora do check out, um pouco antes de se dirigir ao aeroporto, o hóspede ganha um coração de vidro com o nome do resort gravado. De volta para casa, basta olhar o coração de vidro para recordar o quão especiais foram os dias vividos naquele lugar, que, de tão mágicos, mais parecem uma miragem.
Reportagem publicada na edição 9o, lançada em outubro de 2021.
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