A agência de classificação de risco S&P cortou ontem (26) a nota de crédito do grupo de varejo Via, de brAA para brAA-, com perspectiva negativa, citando dificuldades para a empresa conseguir reduzir alavancagem nos próximos trimestres por causa da deterioração do ambiente macroeconômico.
“A perspectiva negativa indica que poderemos rebaixar os ratings em mais de um degrau se a empresa não for bem-sucedida na implantação do seu plano para melhorar margens e manter endividamento pelo menos estável nos próximos 6 a 12 meses”, afirmou a S&P, em comunicado.
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“Se esse cenário se confirmar, veríamos a dívida líquida ajustada sobre Ebitda consistentemente acima de 5 vezes e pressões de liquidez por uma fraca geração de caixa”, acrescentou a agência.
A S&P estima que margem Ebitda em torno de 7,5% a 8% para a Via neste ano e dívida sobre Ebitda próxima de 4 vezes. Para 2021, a agência espera margem de 6,5%, ante perspectiva anterior de 7,5%. A companhia planeja divulgar seus resultados do quarto trimestre em 9 de março.
A agência citou a elevação dos juros no país, além de inflação e desemprego atingindo a renda das famílias, o que poderia impactar a rentabilidade, a geração de caixa e o custo da dívida do grupo dono das bandeiras Casas Bahia e Ponto.
A S&P avalia que a Via apresentará alavancagem maior que a expectativa, “devido às elevadas provisões para processos trabalhistas e maior endividamento ajustado”.
No terceiro trimestre, a Via estimou que terá em 2022 impacto decorrente de processos trabalhistas de R$ 900 milhões a R$ 1 bilhão, que será seguido por R$ 500 milhões a R$ 600 milhões em 2023. Na época, a empresa afirmou que monetização de créditos fiscais será suficiente para fazer frente às saídas de caixas decorrentes dos processos.
“Por outro lado, esperamos que a Via apresente menor nível de estoque e alongue prazos com fornecedores, permitindo uma geração de caixa operacional positiva ao final de 2022″, afirmou a S&P em relatório de Henrique Koch.
Em nota, a Via afirmou que a S&P manteve o status de grau de investimento da companhia, “nota dada para empresas com capacidade muito forte de honrar compromissos financeiros”.
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