Corria o ano de 1940, o mundo estava conflagrado e o principal ator que iria decidir se os regimes autoritários dominariam o mundo ou se seriam contidos chamava-se Estados Unidos da América. Com eleições nacionais às portas, Roosevelt, seu presidente, era tão popular e manobrava para não carregar o ônus político de fazer os Estados Unidos entrarem na 2a Guerra Mundial.
As eleições presidenciais marcadas o mostravam como favorito tão absoluto, que os Republicanos não conseguiram para seu candidato um outro nome que não o de um obscuro advogado de Nova York, Wendell Willkie, para carregar o fardo da derrota.
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Nomeado pelo próprio Roosevelt, Willkie teve como missão rodar o mundo para sondar o ambiente do conflito mundial, que estava já às portas da América. Daí a origem do título deste artigo, que é o mesmo do livro escrito por ele e, em cuja essência, demonstrava a total incompatibilidade entre os regimes nazista e comunista com a paz e a união mundial, que as democracias buscavam.
Passados mais de 80 anos, “um mundo só” ainda não existe, porém, este mundo começa a se inquietar, senão estará fadado à destruição total sem uma cooperação internacional estabelecida para nos dar a sobrevida em termos de clima e de meio ambiente. Agora, temos resoluções animadoras com a Cop 26, mas com a plena execução ainda cheia de dúvidas e embaraços. O Brasil foi ativo e partícipe de projetos de mudança importantes.
Com o reconhecimento da Cédula Rural Verde, o nosso mercado financeiro pode gerar recursos para a produção agrícola sustentável, altamente produtiva e tecnológica, com capacidade de gerar R$ 30 bilhões anuais de créditos para manter florestas e reflorestar, além de melhorar as pastagens degradadas.
Esta mesma agricultura que, irmanada com a indústria automotiva, produz 289,9 milhões de toneladas de grãos usando seus tratores e implementos, bem como caminhões para escoar e consumir sua produção de grãos e de etanol.
Lembro-me de que, em setembro de 1979, quando assinei, com o governo Figueiredo, o Protocolo Indústria/Governo para produção de carros a etanol, o Brasil produzia 6 milhões de toneladas de soja e 6 milhões de metros cúbicos de etanol. Hoje, a produção de grãos cresceu 397,2% e a do etanol, cinco vezes, com um aumento da área cultivada de 84,5 %. É por isto que estamos alimentando mais de 1 bilhão de pessoas no mundo de hoje.
Rendemo-nos todos à força do trabalho no campo, que os desbravadores conquistaram em novas fronteiras e, preservando com capital próprio 20% de reservas de hectares de suas propriedades, para dar ao país liderança mundial na geração e uso da energia renovável, com a marca de 48% contra a média mundial de menos de 20%.
É um dado relevante e de grande importância futura pois, pelo acordo de Paris, para zerar a emissão de carbono na atmosfera até 2050, a utilização do petróleo terá de cair 75%. Um espaço mundial para o carro elétrico híbrido flex, movido a etanol, como já o temos em circulação e nas pranchetas da indústria brasileira.
E um mundo só para a agricultura brasileira ainda mais se expandir.
Mario Garnero é fundador e presidente honorário do Fórum das Américas, fundador e presidente da Associação das Nações Unidas-Brasil e fundador do Grupo Brasilinvest. Anteriormente, foi presidente do CNI (Confederação Nacional da Indústria) e da ANFAVEA (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) e diretor da VW do Brasil e da Monteiro Aranha.
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Artigo publicado na edição 92 da revista Forbes, em novembro de 2021.
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