Recentemente fiz uma breve lista com algumas inovações que impactaram e transformaram o mundo na última década. O tempo passou, e quando percebemos, já estávamos falando com nossos computadores em vez de digitar neles; as turbinas eólicas já faziam parte da paisagem; os drones subiam para registrar casamentos, entregar produtos e, estarrecedor, bombardear alvos.
Nesse mesmo intervalo de dez anos, Google, Amazon, Apple e Facebook tornaram-se as empresas mais valiosas do planeta; entramos num carro escolhido por um aplicativo e os DVDs sumiram com o entretenimento por meio de assinaturas da Netflix, Apple TV, Spotify.
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O mundo passou a acontecer na tela dos nossos smartphones, enquanto a biometria deixou de ser ficção para estar em nosso cotidiano; e a exploração espacial voltou com protagonistas bilionários.
A vida se transformou em poucos momentos. Também passamos a conviver com outros perigos: conhecemos a pandemia, a proliferação dos crimes cibernéticos e o sequestro de nossos dados. Foi tudo muito intenso.
Até os negócios agrícolas tradicionais agora são diferentes com o uso de GPS e máquinas que basicamente podem se mover sozinhas. Não existe linha de chegada, a meta é evoluir, aprimorar e sempre levar tudo para um outro nível. A tecnologia, o agronegócio e o empreendedorismo agora caminham de mãos dadas.
E todas essas transformações também estão sendo acompanhadas por uma saudável mudança de hábitos, que redesenhou a atuação das empresas movidas por um propósito de melhorar a vida das pessoas: as empresas sociais, que estão se tornando cada vez mais comuns no vasto cenário de negócios de hoje.
A Tony’s Chocolonely, por exemplo, começou como uma pequena empresa social que obtém cacau para garantir aos agricultores um salário digno e agora se expandiu para uma empresa internacional de rápido crescimento, cujos princípios de abastecimento têm sido seguidos pela maior rede de supermercados holandesa.
De certa maneira, estamos todos um pouco mais conscientes sobre como afetamos o mundo ao nosso redor. E as empresas sociais estão oferecendo a milhões de consumidores uma maneira mais eticamente satisfatória de gastar seu dinheiro.
E não faltam setores nem variedade de mercados em que uma empresa social pode atuar, de alimentos a comunicação, de bancos a entretenimento.
A verdade é que mais e mais consumidores, com características e níveis socioeconômicos diferentes, estão escolhendo opções de consumo responsável. Isso implica dizer que eles tomam decisões de compra com base em valores pró-sociais ao consumir produtos e serviços que obrigam as organizações a configurarem estrategicamente seu modelo de negócios.
Ou seja, ao mesmo tempo que as inovações tecnológicas nos abriram uma nova janela nos últimos dez anos, um novo hábito sustentável de consumo começou a se espalhar tal qual uma pedra que, atirada em um lago, provoca uma cadeia de ondas. Nem é preciso ser vidente para prever o futuro: ele está sendo criado agora.
Nelson Wilians é advogado, fundador e presidente do Nelson Wilians Advogados, o maior escritório de advocacia empresarial do país, e do NW Group. Formado pela Instituição Toledo de Ensino (ITE), dedica-se a diversas áreas do direito, especialmente a empresarial e estratégica, além de desempenhar intensa atividade como palestrante sobre o papel do novo profissional do Direito no contexto atual. Escreve sobre a dinâmica de negócios e as transformações no mercado.
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Artigo publicado na edição 92 da revista Forbes, em novembro de 2021.
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