A conferência do clima da ONU (COP 26) deixou muito mais que compromissos assinados em documentos oficiais com promessas e intenções de governos. O evento, que reuniu em novembro do ano passado líderes das maiores economias do mundo, em Glasgow, na Escócia, evidenciou a necessidade de que as empresas, sejam elas grandes ou pequenas, atuem fortemente na preservação do meio ambiente e na promoção de práticas sustentáveis.
Especialistas e autoridades constataram a existência de um abismo entre o que se coloca no papel e o que se realiza na prática. Metas acordadas em cúpulas anteriores ficaram no plano das boas ideias não executadas devido, em grande parte, à incapacidade de as nações cumprirem seus termos. Daí a necessidade de se dar um passo além do que se decide nesse fórum. Sem a colaboração mútua entre governos, empresas e sociedade civil, qualquer decisão corre o risco de virar letra morta.
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A exemplo dos demais participantes, o Brasil formalizou a intenção de reduzir em 50% as emissões líquidas de gases de efeito estufa. É o chamado Race to Zero, que, como indica o nome, tem como objetivo zerar emissões. Apesar da ousadia expressa na denominação, o impacto dessa meta é inferior à prometida em 2015. Ou seja, isso mostra que, sozinhos, governos futuros terão dificuldades em dar consistência à agenda ambiental.
Precisamos analisar fatores sociais, políticos e organizacionais que norteiam a implantação de medidas relacionadas à sustentabilidade de recursos naturais e a repercussão de tais medidas em relação ao meio ambiente. Não basta ficarmos consternados com os números negativos sobre desmatamento, poluição e aquecimento global. Buscar uma solução não é caçar culpados, lançando mão de retóricas típicas do século passado. É preciso agir. É hora de o setor produtivo estimular a sociedade com iniciativas que garantam a saúde do nosso planeta para futuras gerações.
A palavra de ordem é colaboração. A agenda ambiental não depende só de partidos políticos e governos. A sustentabilidade passa pela sociedade, incluindo as organizações empresariais. O setor privado pode influenciar comportamentos para que o combate à degradação ambiental seja cada vez mais eficaz. Metas simples – como a redução do uso de água na produção e a eliminação de matérias primas prejudiciais à saúde e ao meio ambiente – são fundamentais. Mas nem tudo nessa jornada será simples. Por isso, é preciso que o poder público crie condições para que a iniciativa privada possa inovar também nessa área.
É cada vez mais urgente a necessidade de se estabelecer uma relação saudável entre os desenvolvimentos humano, econômico e sustentável. Em minha coluna anterior, destaquei que o movimento ESG veio para ficar e criará novas tendências que devem fazer confluir para um ponto comum os interesses de mercados, governos e sociedade. Acrescento, agora, um alerta: não há futuro possível num mundo em que a mentalidade acerca dos negócios ainda esteja presa a ideologias e preceitos de décadas passadas.
Flávio Rocha é líder empresarial e ex-candidato à Presidência da República. Preside o Conselho de Administração do Grupo Guararapes, que controla as Lojas Riachuelo, Midway Financeira, Confecções Guararapes, Transportadora Casa Verde e o Shopping Midway Mall, o maior do Rio Grande do Norte. É uma das principais vozes em defesa do liberalismo econômico.
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Artigo publicado na edição 92 da Revista Forbes, em novembro de 2021.
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